A TRANSFIGURAÇÃO DELE E NOSSA

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. Pedro tomou, então, a palavra e disse-lhe: ‘Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias’. Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: ‘Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha afeição; ouvi-o’. Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo…” (Mateus 17,1-6)

Hoje temos essa leitura em nossas Igrejas que seguem o Calendário Juliano Tradicional, porque estamos celebrando a grande festa da Transfiguração de Nosso Senhor. Mas o que isso significa, o que significa“celebrar” certo momento na História da Salvação, como a Transfiguração?

Em primeiro lugar, significa reunir-se, porque a palavra “celebrar” vem do latim “celebrare”, que significa “reunir-se para honrar”. Nós “honramos” a Transfiguração “relembrando-a” — ouvindo este conhecido relato a respeito dela (citado acima), passado a nós por testemunhas oculares; vendo e venerando um ícone da Transfiguração, trazido para o centro da igreja; cantando e lendo hinos que nos ajudam a entender e internalizar o significado da festa para nós; e, finalmente, reconectando-nos, na Santa Comunhão, com o Deus Uno e Trino, revelado a nós neste evento — o Pai, em Sua “voz desde a nuvem”, o Filho, em Sua face bela e transfigurada, e o Espírito Santo em Sua luz divina incriada. Hoje somos todos informados de um evento testemunhado, naquele momento, somente por três discípulos. Somos todos convidados a subir à montanha, para testemunhar que o nosso Deus é “um Deus dos vivos e não dos mortos”, nesta conversa cheia de luz sobre o Seu Filho com Moisés e Elias.

Que eu não perca isso hoje, e me abra à visão desta festa, que me relembra da minha vocação: ser transfigurado na luz e na leveza de Cristo. Isso não acontece da noite para o dia, ou apenas em certos dias de festa, porque sou um trabalho em andamento, chamado a retornar, diariamente, através das minhas fortalezas e fraquezas, à luz do Seu caminho e da Sua palavra. “Eis o meu Filho muito amado”, meu Pai do céu me diz novamente hoje, “Ouvi-o!”.

Versão brasileira: João Antunes

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