“Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo, ele resolveu dirigir-se a Jerusalém. Enviou diante de si mensageiros que, tendo partido, entraram em uma povoação dos samaritanos para lhe arranjar pousada. Mas não o receberam, por ele dar mostras de que ia para Jerusalém.” (Lucas 9,51ss)
Ao constantemente atualizarmos a memória viva da Igreja conhecida como “Tradição”, somos “recordados” não apenas das coisas que o Senhor encarnado disse e fez, mas também de como Ele era, de como Seu “rosto” era, como Ele disse e fez tais coisas. Porque o contato presencial com Ele, tornado possível a nós na Encarnação, e cuja “memória” nos é transmitida nos santos ícones, é uma parte essencial da revelação divina. O “rosto” de Jesus Cristo faz parte de Sua forma divino-humana de “conexão” conosco; de nos atrair para a Unidade com Ele, e n’Ele uns com os outros. Assim, na Transfiguração, o “rosto” de Cristo foi “transformado” (Lucas 9,29) para nos revelar Sua “luz” divina, já aqui acessível, na medida em que a podemos suportar. E no incidente acima descrito, no início de Sua viagem da Galileia para Jerusalém, onde seria crucificado, Ele “manifestou o firme propósito” de abraçar aquele sofrimento, cujo momento se aproximava, “para a vida do mundo”, mas esse “rosto” era aparentemente demasiado para as pessoas que “não o receberam” suportar.
Neste estranho ano de cancelamentos de reuniões presenciais, e na festa de hoje da Imagem “Não Feita por Mãos” (Calendário Juliano Revisado [Calendário Gregoriano]), estou muito grato pelas tecnologias “feitas por mãos”, como FaceTime, Zoom e Skype, através das quais ainda tenho a alegria de ver os rostos de amigos distantes. Graças Te dou, Senhor, por “aparecer” para nós, e abençoar-nos com o Teu belo rosto. Que nossos próprios rostos sejam transfigurados à luz do Teu, enquanto hoje olhamos para o Teu santo ícone. “Enchestes todos de júbilo, ó nosso Salvador, ao vir para salvar o mundo” (Tropário da Festa da Imagem “Não Feita por Mãos”).
Versão brasileira: João Antunes
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