“Ora, o dia começava a declinar e os Doze foram dizer-lhe: ‘Despede as turbas, para que vão pelas aldeias e sítios da vizinhança e procurem alimento e hospedagem, porque aqui estamos num lugar deserto’. Jesus replicou-lhes: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’. Retrucaram eles: ‘Não temos mais do que cinco pães e dois peixes, a menos que nós mesmos vamos e compremos mantimentos para todo este povo’. (Pois eram quase cinco mil homens.) Jesus disse aos discípulos: ‘Mandai-os sentar, divididos em grupos de cinquenta’. Assim o fizeram e todos se assentaram. Então, Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os a seus discípulos, para que os servissem ao povo. E todos comeram e ficaram fartos. Do que sobrou recolheram ainda doze cestos de pedaços.” (Lucas 9,12-17)
Os discípulos pensaram que as multidões deviam ser mandadas embora, para conseguirem suas próprias provisões. Mas nosso Senhor tem uma ideia diferente: Dai-lhes vós, Ele diz aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. E eles acabam por alimentar as multidões, — mas não sem a “ajuda” do Senhor.
É assim que as coisas funcionam na Igreja. Nós nos “alimentamos” ou nos nutrimos uns aos outros, do pouco que temos para oferecer (tipo, “não temos mais do que cinco pães e dois peixes”), — mas não sem a ajuda do Senhor. O pouco que “nós” trazemos à mesa, seja uma palavra amável, ou uma doação aos necessitados, ou uma ou duas horas do nosso tempo, para ouvir uma pessoa perturbada, ou para comparecer ao recital de piano do nosso filho, ou à terapia de casais com o nosso frustrado cônjuge, ou a um ofício religioso, ou a uma venda de bolos na igreja, — a nossa pequena oferta é muitas vezes “insuficiente”, fora da graça de Deus. Portanto, que eu faça a próxima coisa certa hoje, mas também permita que Cristo entre em cena, reconectando-me com Ele, para que Ele possa acrescentar às minhas palavras e ações “algo extra”, nomeadamente, a Sua graça, que é sempre “suficiente” para verdadeiramente “satisfazer” tanto a mim como àqueles que me rodeiam.
Versão brasileira: João Antunes
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