QUE “MALDIÇÃO”?

Tua Natividade, ó Mãe de Deus,
anunciou a alegria ao mundo inteiro;
Pois de ti nasceu o Sol da Justiça, o Cristo nosso Deus,
O qual, abolindo a maldição (καὶ λύσας τὴν κατάραν, и разрушив клятву), nos deu a bênção,
e destruindo a morte, deu-nos a Vida eterna.
(Hino Bizantino da Natividade da Mãe de Deus)

O que se entende aqui pela desagradável palavra, “maldição” (κατάρα, клятва)? Ela refere-se à nossa situação humana antes do Filho Unigênito de Deus assumir nossa natureza. Agora, de acordo com o Dicionário Merriam-Webster, “maldição” é: “desgraça, ou mal, que vem como que em resposta a imprecação (ou praga) ou como retribuição”.

Mas o hino acima citado me dá uma explicação mais simples de nossa “maldição”, com a justaposição da “bênção” (ev-logia, uma boa palavra): nossa “maldição”, simplesmente era a ausência de “benção”, a Boa Palavra. Quando o Verbo se fez carne, Ele “concedeu” a si mesmo, inserindo Sua presença divina em nossa situação menos-abençoada, “tornando-Se”, como São Paulo destaca, “maldição em nosso lugar” (Gálatas 3,13), de bom grado humilhando-Se “até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2,8). E então Ele nos tirou de tudo isso, – Ele venceu tudo isso, porque “era impossível que a morte O retivesse” (Atos 2,24), a Fonte da Vida. Pessoa alguma, e coisa alguma, incluindo a Lei, poderia alcançar isso para a humanidade. É por isso que nós todos éramos “malditos”, ou “ausentes de bênção”, sob a Lei (cf. Gálatas 3).

Hoje, quando aqueles de nós que seguem Calendário Juliano Tradicional celebram a Natividade de Sua Mãe, a Santíssima Virgem, eu agradeço a Deus por abençoar os pais dela e todos nós, com seu nascimento. Isso tornou possível tudo o que vem do alto e torna a minha vida, em qualquer dia, não “ausente de bênção”, em sua silenciosa e amorosa presença. “Vós que sois realmente a Mãe de Deus, nós vos exaltamos!”

Versão brasileira: João Antunes

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