O “Jejum dos Apóstolos” ou “Petrovsky Post” (“Jejum de Pedro”, como o chamamos em russo) começa hoje, na segunda-feira logo após o Domingo de Todos os Santos, que encerrou o período litúrgico entre a Páscoa e o Pentecostes. O nome desse jejum sugere que ele tem o objetivo de nos preparar para a festa dos Santos Pedro e Paulo em 29 de junho (Calendário Juliano Revisado) ou 12 de julho (Calendário Juliano Tradicional), como o jejum antes dessa festa. Mas seu significado original era nos proporcionar algum jejum depois do Pentecostes; após um longo período de “não jejum” entre a Páscoa e o Pentecostes. Portanto, a lógica por trás desse jejum não é originalmente a de manter uma espécie de vigília prolongada ou vigilância antes de uma festa (o que seria estranho, no caso da festa relativamente menor dos Apóstolos — sem ofensa aos grandes Pedro e Paulo), mas a de uma “reinicialização” de nosso foco espiritual e físico depois de um longo período de festa. É bom para nós, e está na hora, de nos envolvermos na disciplina de um período de jejum agora, porque facilmente podemos ter nos afastado de qualquer foco espiritual nas muitas semanas desde que a Quaresma terminou.
A leitura do Evangelho para esta segunda-feira, quando adotamos a disciplina alimentar desse jejum (abstenção de carne e laticínios, o que requer algum planejamento das refeições), nos recorda que devemos fazer isso com fé e não com medo: “Não vos preocupeis, dizendo: ‘Que comeremos, que beberemos, ou que vestiremos?’. Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo” (Mateus 6,31ss). Quando colocamos o “procurar o Reino de Deus” em primeiro lugar, como o objetivo principal de nosso jejum, então nossa fé em Deus se tornará mais forte e salutar, e os aspectos externos de nossa disciplina de jejum também serão mais saudáveis, livres de “preocupações” e obsessões desnecessárias. Porque a preocupação e a obsessão vêm da falta de fé em Deus, e no [esquecimento do] simples fato de que Deus é bom; que Ele está mais do que disposto a ser bom para nós, se permitirmos, e quer que também sejamos bons para nós mesmos e uns para com os outros. Nossa disciplina de jejum não é uma maneira de sermos maus para nós mesmos, ao contrário de um equívoco popular, mas uma maneira de sermos mais conscientes de nós mesmos, tanto física quanto espiritualmente. No final da leitura do Evangelho, nosso Senhor nos recorda disso, assegurando-nos que Deus é um bom Pai, que, assim como damos “coisas boas” aos nossos filhos, também nos dará “coisas boas” quando buscarmos Sua bondade com fé: “Ora bem, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está no Céu dará coisas boas àqueles que lhas pedirem” (Mateus 7,11). Portanto, deixemos que Deus seja bom para nós, nesta época de jejum, e sejamos bons para nós mesmos e uns para os outros, tanto física quanto espiritualmente.
Versão brasileira: João Antunes
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