A leitura da epístola de hoje, de Romanos 4, é sobre Abraão, que “para além do que se podia esperar, ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: ‘Assim será a tua descendência’. Sim, ele não vacilou na fé ao ver como o seu corpo já estava sem vida — com quase cem anos — como sem vida estava o seio de Sara. Diante da promessa de Deus, não duvidou por falta de fé. Pelo contrário, tornou-se mais forte na fé e deu glória a Deus, plenamente convencido de que Ele tinha poder para realizar o que tinha prometido. Esta foi exatamente a razão pela qual ‘isso lhe foi atribuído à conta de justiça’.” (Romanos 4,18-22)
A fé de Abraão na promessa de Deus tem algo a ver conosco? Será que Deus fez alguma promessa a nós, na qual agora somos desafiados a acreditar, talvez de forma semelhante à de Abraão, “para além do que se possa esperar”? Sim. Como São Paulo escreve mais adiante, depois de dizer tudo o que foi dito acima sobre Abraão: “Não é só por causa dele que está escrito ‘foi-lhe atribuído’, mas também por causa de nós”. Porque nos foi prometido muito mais; fomos desafiados a acreditar muito mais na boa vontade de nosso bom Deus para conosco, tendo recebido a graça do Espírito Santo de forma tão abundante, na Era da Igreja. “Felizes os pobres em espírito”, diz Ele, “porque deles é” — nem mais, nem menos — “o Reino do Céu”. Também nos é prometido que seremos “consolados” e que “possuiremos a terra”, seremos “saciados”, alcançaremos “misericórdia” e até mesmo “veremos a Deus” em todas as circunstâncias. Já vemos essas promessas se cumprindo em nossa vida cotidiana, sempre que reservamos um tempo para fazer como Abraão e “tornarmo-nos mais fortes na fé, dando glória a Deus”. Em geral, tornamo-nos mais eficazes em quaisquer boas intenções que tenhamos, quando nos permitimos ser abençoados dessa forma, em vez de dar ouvidos às vozes do desânimo e do medo egocêntrico. Reservemos um pouco de tempo neste terceiro dia do jejum pós-Pentecostes para fortalecer nossa fé por meio de um pouco de oração sincera e uma leitura salutar, e talvez anotemos algumas coisas pelas quais somos gratos a Deus, para que possamos “dar glória a Deus” e parar de nos lamentar ou temer tudo o que está errado ou ausente no mundo ou em nós. Sejamos abençoados pelo Seu Espírito, assim como somos, pois nosso é o Reino do Céu.
Versão brasileira: João Antunes
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