DEIXE OS MORTOS SEPULTAR OS SEUS MORTOS

Um dos discípulos disse-lhe: ‘Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai’. Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Segue-me e deixa os mortos sepultar os seus mortos’.” (Mateus 8,21s)

Essa doeu! A resposta dura de Nosso Senhor a esse discípulo, que queria “ir primeiro sepultar” o seu pai, é chocante. Mas consideremos, em primeiro lugar, que o pai provavelmente ainda não estava fisicamente morto, pois era costume naquela região enterrar os mortos poucas horas depois da sua morte. Portanto, o discípulo nem mesmo estaria aqui se o seu pai já tivesse morrido. O discípulo queria dizer: “Eu O seguirei depois que meu pai estiver fora de cena”. Segundo, — de qualquer forma, — Cristo está dizendo o que Ele sabe que é bom para esse discípulo específico, para quem é bom não procrastinar em segui-l’O nesse momento. O Senhor também sabe algo que nós não sabemos, sobre a situação familiar desse discípulo, na qual “os mortos sepultam os seus mortos”. Há outras pessoas nessa família que podem cuidar do pai do discípulo e que, por qualquer motivo doloroso, já estão “mortas” para Cristo. Nem o discípulo e nem a sua família ganham nada se ele permanecer ligado ao seu círculo de mortos-vivos. Agora era o momento de esse discípulo “ir anunciar o Reino de Deus”, como diz São Lucas em uma versão ligeiramente diferente desse relato (Lucas 9,60).

Aqui está outro ataque aos “valores da família” e à priorização deles como o foco principal de nossa jornada carregando a cruz. Embora não abandonemos ou negligenciemos nossa família de forma imprudente, quando é nossa vocação cuidar dela, em certos casos e momentos somos chamados a “deixar os mortos sepultar os seus mortos”. Senhor, conceda-nos a sabedoria para saber a diferença.

Versão brasileira: João Antunes

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