“Faça-se a tua vontade, como no Céu, assim também na terra.” (Mateus 6,10b)
A “vontade de Deus” é um tema tão mistificador que podemos nos sentir tentados a coçar a cabeça e nos tornar agnósticos nessa questão, como se nunca pudéssemos realmente saber ou fazer a “vontade de Deus”. Afinal de contas, as falhas de nossa própria vontade às vezes são tão evidentes que até mesmo São Paulo diz: “O que realizo, não o entendo; pois não é o que quero que pratico, mas o que eu odeio é que faço… Ora, se o que eu não quero é que faço, então já não sou eu que o realizo, mas o pecado que habita em mim… Que homem miserável sou eu! Quem me há-de libertar deste corpo que pertence à morte?”. E então São Paulo completa essa reflexão com gratidão, de forma um tanto inesperada: “Graças a Deus, por Jesus Cristo, Senhor nosso!” (Romanos 7,15.20.24-25a).
Como as percepções do Apóstolo, em termos práticos, podem nos ajudar? A energia de nossa própria vontade, fora da energia da vontade de Deus, é facilmente mal direcionada para o “pecado”, ou “a-martia” em grego, que significa “errar o alvo”. Podemos ser pessoas de vontade forte na maioria das situações, de acordo com nossa vontade humana dada por Deus, mas em algumas outras situações somos completamente impotentes, quando certas escolhas mal orientadas (não guiadas por Deus) que se transformam em hábitos entram em ação. Nosso problema não é realmente de vontade, mas de direcionamento.
Não fomos criados para sermos totalmente direcionados por nós mesmos; devemos ser colaboradores de Deus no “jardim” de nossa própria vida, trabalhando em sinergia com Ele para manter Seu tipo de ordem, “como no céu”, assim também em nosso reino “na terra”. Deus pode nos “livrar”, e de fato nos livra, repetidas vezes, do “pecado”, dos erros de nossa própria vontade e da vontade dos outros, quando nos permitimos mudar, mudar nosso foco ou nossa mente, em direção a Ele e à Sua vontade, que se derrama sobre nós quando fazemos isso. Portanto, nesta manhã, tomemos a decisão digna de fazer isso, mais uma vez, com gratidão. Porque temos acesso a mais do que apenas nossas próprias energias em nossos jardins aqui na Terra. “Faça-se a Tua vontade”, seja ela qual for para nós hoje, “como no Céu, assim também na terra”.
Versão brasileira: João Antunes
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