“Em seguida, [o diabo] conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; e também: Hão-de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra’. Disse-lhe Jesus: ‘Não tentarás ao Senhor, teu Deus’.” (Lucas 4,9-12)
Como podemos ver na leitura do Evangelho de hoje, o diabo tenta usar vários aspectos da Tradição para destruir a vida humana. Ele usa nossa fé, as Escrituras e até mesmo um local de adoração, o Templo, quando tenta fazer com que Cristo Se mate: “Se és Filho de Deus…”, diz ele, desafiando-O a provar um ponto central da fé cristã; “pois está escrito…”, diz ele, e depois manipula as Escrituras para apoiar sua sugestão suicida, “atira-te daqui abaixo”. De onde? Do Templo, que, como nossas igrejas, e como nossa fé e Escrituras dadas por Deus, destina-se a celebrar nosso Deus criador de vida; a reafirmar, promover e salvar a vida, ao invés de destruí-la.
Se alguma vez nossa Tradição nos parecer estar nos pondo para baixo, em vez de promover nossa vontade e ânsia de viver, de amar a Deus, a nós mesmos e uns aos outros, não nos enganemos: As vozes em nossas cabeças não são nossas amigas, sempre que estiverem interpretando a Tradição de uma forma que traga a morte ou destrua a fé. Desde o início, o diabo tenta explicar as ações e palavras de Deus de forma distorcida, como fez com Eva no jardim: “É verdade ter-vos Deus…?” (Gênesis 3,1). O objetivo do diabo é plantar medo, confusão e indecisão onde antes havia fé, sabedoria e coragem, e nos tornar isolados (de Deus e uns dos outros) e infrutíferos em nossas vocações. Afastemos toda negatividade de nossas cabeças e corações nesta manhã, se isso estiver acontecendo, e entremos na presença de Deus. “Escuta a voz do meu clamor, ó meu Rei e meu Deus” (Salmo 5,3a), digo esta manhã, e permita que a boa vontade de Deus me abençoe nesta bela quarta-feira.
Versão brasileira: João Antunes
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