“Alegra-te, ó estéril que não podia dar à luz, pois tu claramente concebeste uma lamparina mais brilhante que o sol, que iluminará todo o universo cego pela enfermidade. Canta, ó Zacarias, e brada alegremente: ‘Aquele que irá nascer é um profeta do Altíssimo’.” (Tropário da Conceção de João Batista)
A festa de hoje da Concepção de São João Batista (Calendário Juliano Revisado) me fez refletir novamente sobre a profecia de Isaías 51,1 (citada no início do Tropário dessa festa), sobre uma “estéril” que finalmente dá à luz, como fizeram os pais do Precursor, Isabel e Zacarias. É tão contracultural se alegrar nessa ocasião: Um casal de idosos concebe uma criança quando todos os seus iguais já eram avós, e essa criança se torna um solitário no deserto, sem status ou posição na esfera secular ou religiosa da época, que tem a cabeça cortada por capricho de uma mulher vingativa. Celebramos toda essa história como um sucesso glorioso. E isso, no quadro geral da História da Salvação, é visível apenas para Deus naquele tempo.
Será que podemos tirar alguma lição disso, para nossas próprias jornadas carregando a cruz? Acho que podemos relativizar nossas próprias percepções de “glória” e “sucesso”, bem como nossas ideias de quanto novo crescimento podemos esperar em nossa velhice. Em nosso tempo, costumamos pensar na infância como a fase de formação de nossas vidas, de modo que muitos de nós olhamos para ela em busca de respostas para questões não resolvidas que possamos ter na idade adulta. Mas na História da Salvação vemos vários exemplos de pessoas que concretizaram suas vocações na velhice, como, por exemplo, Abraão e Sara, os santos Simeão, o Recebedor de Deus, Joaquim e Ana, e Zacarias e Isabel. Mantenhamos nossos corações, olhos e ouvidos abertos para ver como Deus está nos chamando para uma nova sabedoria, novos desafios e novo crescimento hoje, independente da nossa idade. Porque Ele nunca Se cansa, nem nós nos cansamos ou ficamos velhos demais para Ele, que nos criou para estar com Ele por toda a eternidade.
Versão brasileira: João Antunes
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