“Jesus disse-lhes ainda esta parábola: ‘Um cego pode guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? Não está o discípulo acima do mestre, mas o discípulo bem formado será como o mestre. Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não reparas na trave que está na tua própria vista? Como podes dizer ao teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro da tua vista, tu que não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás para tirar o argueiro da vista do teu irmão.” (Lucas 6,39-42)
Nunca me havia dado conta da conexão entre “um cego guiar outro cego” e o julgamento alheio, até ler, pela manhã, o Evangelho de hoje. Não é comum nos concentrarmos nos erros dos “outros”, muitas vezes com raiva (sobre o que escrevi ontem, por causa da Epístola de ontem), enquanto negligenciamos nosso próprio estado perturbado de coração e mente? Acho que é especialmente tentador em nosso tempo nos tornarmos muito seguros de nós mesmos em relação a ter a opinião “certa”, estar na Igreja “certa” e no lado “certo” das questões políticas, mesmo não fazendo uma pausa para estarmos certos com Deus e em sintonia com Sua graça. Essa é uma questão do coração e requer um pouco de esforço diário e de hora em hora. Não é suficiente ser um membro de carteirinha deste ou daquele grupo “certo”, porque podemos falar sem parar e agir de acordo com os interesses dele, mesmo estando vazios ou sendo uma desordem emocional e espiritual por dentro. E isso obscurece nossa visão, de modo que não conseguimos “ver” claramente as outras pessoas em nosso meio, os “argueiros” nos olhos das quais gostaríamos que fossem tirados.
Nesta manhã, gostaria de reservar alguns momentos para orar e contemplar, examinando meu coração e entregando a Deus a trave em meu próprio olho. “Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito… Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos e os pecadores hão-de voltar para ti” (Salmo 51,12.13). Senhor, por favor, ajuda-nos a superar nossas muitas dores, raivas, medos e pontos cegos, nesta terça-feira, por Tua generosa graça.
Versão brasileira: João Antunes
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