A SEXTA-FEIRA ANTES DO NATAL

Prepara-te, Ó Belém, pois o Éden foi aberto a todos! Adorna-te, Ó Efrata, pois a árvore da vida floresce da Virgem na gruta! Seu ventre é um paraíso espiritual plantado com o Fruto Divino: se comermos dele, viveremos para sempre e não morreremos como Adão. Cristo está chegando para restaurar a imagem que Ele fez no início!” (Tropário da Pré-Festa da Natividade)

É “a” sexta-feira antes do Natal, ou “uma” sexta-feira antes do Natal, para aqueles que o celebram em janeiro. Se refletirmos sobre o significado bíblico de “sexta-feira” (o dia da Crucificação e o Sexto Dia da Criação, quando Deus criou Adão e Eva) no contexto da antevéspera do Natal, faremos os tipos de associações que o hino citado acima está fazendo, entre “o início” (da Criação) e o Evento que se desenrolou em Belém: “Cristo está chegando para restaurar a imagem que Ele fez no início!”.

Isso é parte de nossa preparação para a festa que se aproxima, fazendo esse tipo de associação. No hino citado acima, quando se diz: “Prepara-te, Ó Belém” e “Adorna-te, Ó Efrata (outro nome para Belém)!”, está se pedindo que nós nos preparemos e nos adornemos para receber a Nova Vida que estamos prestes a acolher e gerar em nosso próprio “ventre” e em nossa própria “gruta”. Aqui Ele é chamado tanto de Árvore da Vida quanto de Fruto Divino, porque Ele se elevará na “árvore” da Cruz e se oferecerá a nós como o Fruto Divino que está pendurado naquela árvore. “Se comermos dele (de Seu Corpo e Sangue), viveremos para sempre e não morreremos como Adão”. Cristo assumirá os símbolos ou imagens escolhidos pela serpente — a árvore, o fruto, o ser humano e até mesmo a serpente na árvore —, transfigurando essas imagens por meio de Si mesmo e tornando-as salvíficas para nós, e não mais mortíferas.

Cristo vem para “restaurar” toda a imagem de nossa “queda” comum, pela qual fomos traumatizados; Ele “está chegando para restaurar a imagem que Ele fez no início”, primeiramente e principalmente nós, seres humanos. Não precisamos nos esquecer da imagem traumatizante de nossa “queda” inicial; Ele cura essa imagem em nossa cabeça e em nosso coração, colocando-Se nela e convidando-nos, de agora em diante, a enfrentá-la com Ele, ouvindo-O ao invés da velha serpente. Não precisamos mais nos esconder nos arbustos, como fizeram Adão e Eva; não precisamos mais menosprezar a nós mesmos ou nosso próprio “ventre”, no qual Ele Se oferece e transforma em “um paraíso espiritual plantado com o Fruto Divino”. Que eu faça as pazes comigo mesmo e com os outros, enquanto faço uma limpeza e uma decoração dignas antes do Natal. E que eu possa ir ao encontro d’Ele, que transforma minha “gruta” em um paraíso espiritual.

Versão brasileira: João Antunes

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