OS SANTOS INFANTES DE BELÉM

O Rei intemporal foi procurado por Herodes no tempo, mas ele não conseguiu encontrá-l’O e nem matá-l’O. Em vez disso, matou os meninos inocentes; transformou-os em mártires sem sequer o perceber. Eles agora habitam o Reino do alto, expondo/reprovando (ἐλέγχοντας, обличая) sua loucura/derrota (παραφροσύνη, пребезумие) para sempre.” (2º hino das Vésperas, “Senhor, eu clamo por Vós”, 29 de dezembro)

Em 29 de dezembro (Calendário Juliano Revisado), celebramos “Os 14.000 Santos Infantes Mortos por Herodes em Belém”. O hino citado acima explica a razão de celebrarmos esses meninos como “mártires”, ou seja, como “testemunhas” — porque é isso que a palavra “mártir” significa, caso você não saiba. Herodes se apresentou diante dos magos como alguém que queria “ir também prestar-lhe homenagem” (Mateus 2,8), mas o massacre dos meninos revelou sua verdadeira intenção. Portanto, os Santos Infantes testemunham ou expõem, como diz esse hino, “sua loucura para sempre”. Eles também prefiguram a morte “martirial” futura de Cristo, causada por uma loucura semelhante, de seres humanos resistindo à mudança que “o Rei intemporal” (como Ele é chamado nesse hino) nos traz no tempo e através dele.

O Filho unigênito de Deus não foi poupado da loucura que matou os Santos Infantes, nem Sua Virgem-Mãe foi poupada da grande dor de “Raquel”, das mães de Belém. Mas a dor dela e a morte de Cristo, uma morte hedionda, sádica e lenta na cruz, deveriam acontecer em um momento posterior, quando “o Rei intemporal” deveria morrer, e não quando esse Herodes quisesse.

A única “resposta” para as perguntas impossíveis levantadas pelo sofrimento inocente está no fato de ele ser compartilhado e vencido na Vida Nova pelo Filho amado de nosso Deus amoroso e por Sua Mãe fiel, que recebe tanto a dor quanto a alegria dessa jornada pascal. Todos nós, como a Mãe-Igreja, somos convidados a participar dessa tristeza criadora de alegria, mesmo quando os Herodes deste mundo estão sendo expostos em sua loucura: “Não me pranteies, ó Mãe, vendo-me no sepulcro, pois eu me levantarei e elevarei com glória, incessantemente como Deus, aqueles que pela fé e pelo amor te magnificam.”

Versão brasileira: João Antunes

© 2023, Ir. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com