“Depois de partirem, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: ‘Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar’. E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito, permanecendo ali até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciou pelo profeta: ‘Do Egito chamei o meu filho’. Então Herodes, ao ver que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o seu território…” (Mateus 2,13-16a)
Que ano foi este, em que tantos eventos bíblicos foram reapresentados a nós pelos Herodes modernos e pelas guerras que eles desencadearam contra populações civis — suas próprias populações e as de seus vizinhos. Na Terra Santa, a agressão sádica do Hamas contra civis israelenses inocentes agora é desencadeada contra seu próprio povo, usado como escudo humano, tanto física quanto simbolicamente (na guerra de informações do Hamas contra Israel), para proteger sua liderança criminosa. Gostaríamos que a população civil pudesse fugir para o Egito, como fez José com o Menino e Sua mãe, mas hoje o Egito fecha suas portas para eles. E na Ucrânia, ontem mesmo, quando os militares russos bombardearam uma maternidade, instituições de ensino, um shopping center, 45 prédios residenciais de vários andares, casas e duas igrejas, além de infraestruturas civis e de energia essenciais, 30 civis foram mortos e pelo menos mais 160 ficaram feridos. Previsivelmente, os porta-vozes do Kremlin culpam a vítima, alegando que não são seus mísseis, mas o sistema de defesa aérea ucraniano que os abate, que causou essas baixas.
Será que esse é um momento para entrar em depressão ou indiferença, ou para perder a fé? Não. Isso é o que os Herodes deste mundo querem que façamos, mas não é isso que somos chamados a fazer, nunca. A “história” bíblica do nascimento de Cristo em nosso mundo, na carne, de fato levou a uma “grande luz” que se derramou sobre as pessoas que “andavam em trevas” e “habitavam numa terra de sombras [da morte]” (Isaías 9,1). Mas houve muitas trevas e morte antes disso, através das quais uma “tal [grande] nuvem de testemunhas” caminhou com fé, como nos recorda o autor de Hebreus.
Ao nos aproximarmos do novo ano, meus amigos, “deixemos de lado todo o impedimento e todo o pecado, corramos com perseverança a prova que nos é proposta, tendo os olhos postos em Jesus, autor e consumador da fé. Ele, renunciando à alegria que lhe fora proposta, sofreu a cruz, desprezando a ignomínia, e sentou-se à direita do trono de Deus” (Hebreus 12,1b-2). Cuidemo-nos de nós mesmos e uns dos outros hoje, promovendo nossa própria fé, esperança, gratidão e alegria, afastando-nos do medo, da desesperança e da ira, para que possamos ser vasos de luz no final deste ano, e no próximo.
Versão brasileira: João Antunes
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