LEVANTA-SE DEUS

Levanta-se Deus: os seus inimigos dispersam-se
e fogem diante dele os que o odeiam.
Como se dissipa o fumo, assim eles se dissipam;
como a cera se derrete ao fogo,
assim desfalecem os ímpios diante de Deus.
(Salmo 67/68,2-3)

Qual é o objetivo dessas proclamações hostis contra os “inimigos” de Deus, que cantamos com tanta frequência durante o Tempo Pascal? Elas servem para nos recordar que: 1. Nem todo mundo é nosso amigo, e não precisamos ser gentis nem tolerantes com as vozes que querem nossa morte, em vez de nossa vida. Elas são, por exemplo, as vozes em nossa própria cabeça que, de tempos em tempos, procuram nos desanimar, apontando nossa insignificância, inutilidade, e fraqueza e inadequação de tudo o que há de bom e belo em nós; e 2. Não é o nosso poder, mas o poder de Deus que “derrete” esses inimigos, assim como a cera se derrete ao fogo. Ao fomentarmos nossa comunhão com o Deus vivo, fomentamos também o “fogo” de Sua presença e graça em nós, o que atrairá para nós aqueles que O amam, porém repelirá aqueles que O odeiam. Note que outra metáfora de oposições é usada para descrever a graça de Deus, a da água ou de um “manancial da vida”, como na festa da Theotokos celebrada hoje. É dupla, digo, porque a “água” pode tanto trazer vida quanto destruí-la, como aconteceu com os cavalos egípcios e os homens do Faraó na história do Êxodo.

Que eu tenha coragem hoje e me fortaleça com o sinal da cruz e com a fé n’Aquele que de fato ressuscitou, embora às vezes Ele pareça estar adormecido em mim, quando meu coração fica frio e ressequido, como uma espécie de túmulo. “Levante-Se Deus” em nosso coração hoje, ao reafirmarmos a fé n’Ele, bem como a fé que Ele tem em nós, para que possamos e nos tornemos “mananciais da viva” e velas de luz, acesas para o Nosso Senhor vencedor da morte. Cristo ressuscitou dos mortos, pela morte venceu a morte, e deu a vida aos que estão nos túmulos!

Versão brasileira: João Antunes

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