BEBER UMA NOVA BEBIDA

Vinde, bebamos da nova bebida (Δεῦτε πόμα πίωμεν καινόν, Приидите пиво пием новое), que não brotou da pedra estéril por prodígio, mas da fonte de incorrupção — o Túmulo de Cristo, em que nos firmamos (ἐν ᾧ στερεούμεθα, в немже утверждаемся).” (3ª Ode, Cânon Pascal)

Aqui, o autor do Cânon Pascal, São João Damasceno, compara a água “que não brotou da pedra estéril” por intermédio de Moisés (em Êxodo 17 e Números 20) com a nova vida oferecida a nós no Senhor Ressuscitado a partir de um lugar inesperado, — de um túmulo de pedra, — em Sua saída inesperada de lá. Todos os dias, sou convidado a “beber” de Sua palavra vivificante e a “beber” de Sua presença vivificante em minha vida, por mais que, às vezes, eu esteja com o coração empedernido.

Ao reafirmarmos diariamente nossa decisão de seguir a Cristo em nossa jornada carregando a cruz, não precisamos mais buscar a “velha bebida”, seja ela qual for (em nossos vícios ou obsessões anteriores), mas sim a “água viva” de Cristo, em Quem somos “firmados” com uma nova estabilidade emocional que advém de vivermos com fé e não com medo, em nossos altos e baixos. O próprio Cristo sinalizou essa “nova bebida” que acolhemos na Via Sacra, quando, antes de Sua paixão, disse a Seus discípulos: “Não beberei mais deste produto da videira, até ao dia em que beber o vinho novo convosco no Reino de meu Pai” (Mateus 26,29).

Nosso Rei e nosso Deus transfiguram e dão vida até mesmo aos lugares e coisas mais hostis, escuros e estéreis de nossas vidas. Como Aquele que, a partir de “pedras”, pode suscitar filhos para Abraão (Mateus 3,9), Ele mesmo Se tornou o nosso “rochedo” vivificante (1ª Coríntios 10,4), por Quem somos — não esmagados, nem sobrecarregados, nem sepultados debaixo —, não, n’Ele somos “firmados”, quando nos permitimos “vir” e beber de Sua “nova bebida” em todos os nossos altos e baixos, fortalecendo nossa fé pouco a pouco, diariamente. Hoje, que eu confie em Cristo e na “água viva” que Ele nos oferece. “Senhor, dá-me dessa água”, digo esta manhã com a mulher samaritana, “para eu não ter sede” (João 4,15) fora de Ti.

Versão brasileira: João Antunes

© 2024, Ir. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com