“‘Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele…’. Depois de o ouvirem, muitos dos seus discípulos disseram: ‘Que palavras insuportáveis! Quem pode entender isto?’. Mas Jesus, sabendo no seu íntimo que os seus discípulos murmuravam a respeito disto, disse-lhes: ‘Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? É o Espírito quem dá a vida; a carne não serve de nada: as palavras que vos disse são espírito e são vida. Mas há alguns de vós que não creem’. De fato, Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam e também quem era aquele que o havia de entregar. E dizia: ‘Por isso é que Eu vos declarei que ninguém pode vir a mim, se isso não lhe for concedido pelo Pai’. A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram para trás e já não andavam com Ele. Então, Jesus disse aos Doze: ‘Também vós quereis ir embora?’. Respondeu-lhe Simão Pedro: ‘A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu é que és o Santo de Deus’.” (João 6,56.60-68)
As palavras do Senhor sobre comer Sua carne e beber Seu sangue foram “palavras insuportáveis” para muitos de Seus discípulos que eles “voltaram para trás e já não andavam com Ele”. Não é de surpreender, porque a essa altura, bem antes da Ceia do Senhor, nenhum dos discípulos entendia do que Ele estava falando.
Mas “os Doze” permaneceram, mesmo sem entender. Eles “creram” e “souberam” que Ele era O Único, o “Santo de Deus”, como nenhum outro. E aqui, quando a fé deles em Cristo é confrontada com uma das muitas coisas que não entendiam sobre Ele, eles demonstram três virtudes tão vitais não apenas para manter a fé em Cristo, mas para manter qualquer relacionamento pessoal: confiança, amor e perseverança. Eles confiam, em primeiro lugar, que vale a pena dar o benefício da dúvida ao que Ele está dizendo, por mais incompreensível que seja, porque Aquele que eles amam está dizendo. E eles têm perseverança (“hypo-mone” em grego, que significa literalmente “permanecer”, ou sentar-se e aguardar o que Deus fará em seguida) para aguardar o esclarecimento do que não entendem no momento. Afinal de contas, não havia ninguém como Ele, então, como diz Pedro, “a quem” mais eles iriam?
Que hoje eu tenha confiança, amor e perseverança em meus relacionamentos com o próximo, em meio e apesar das partes que talvez eu não entenda. Que eu não me apresse em “voltar atrás” com meu amor, seja por Deus ou pelo próximo, no momento em que for confrontado com o que é incompreensível ou até mesmo absurdo neles. Senhor, ajuda-nos a nos apoiarmos em Ti e, por meio de Ti, uns nos outros, com a confiança, o amor e a perseverança do Teu Espírito Santo.
Versão brasileira: João Antunes
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