O HOMEM QUE VÊ É EXPULSO

Então, injuriaram-no dizendo-lhe: ‘Discípulo dele és tu! Nós somos discípulos de Moisés! Sabemos que Deus falou a Moisés; mas, quanto a esse, não sabemos donde é!’. Replicou-lhes o homem: ‘Ora isso é que é de espantar: que vós não saibais donde Ele é, e me tenha dado a vista! … Se este não viesse de Deus, não teria podido fazer nada’. Responderam-lhe: ‘Tu nasceste coberto de pecados e dás-nos lições?’. E puseram-no fora.” (João 9,28-31.33)

Depois que o cego de nascença recebeu de Nosso Senhor o dom de ver, ele foi “expulso” ou excomungado pelos fariseus. Por quê? Porque os cegos eram úteis para a política deles, enquanto os que “viam” não eram. Isso me recorda os padres da minha Igreja Ortodoxa Russa que estão sendo destituídos e/ou afastados de suas paróquias pelo Patriarca Cirilo de Moscou, porque não participam de sua cegueira intencional. Isso também me recorda minha própria intolerância em relação às pessoas que não veem as coisas do meu jeito.

Mas voltemos aos fariseus, que expulsaram o homem curado da cegueira. Note que eles dizem exatamente o oposto do que Cristo disse sobre o nascimento do homem. O Senhor disse que “nem pecou ele, nem os seus pais” para que nascesse cego (João 9,3), enquanto os fariseus dizem: “Tu nasceste coberto de pecados e dás-nos lições?”. Eles não compartilham o modo de ver de Cristo sobre as pessoas, e isso os torna indóceis, no momento em que poderiam ter aprendido algo novo e importante com um ser humano que sabia mais do que eles. A arrogância e a autossuficiência os mantêm cegos, tanto para seus próprios pontos cegos quanto para a visão dos outros.

Senhor, ajuda-me a ver um pouco mais como Tu vês todos nós hoje. Todos nós “nascemos cegos”, necessitados de Tua graça e de nascer “do alto”, no Santo Batismo e no crescimento que ele implica, à medida que caminhamos em nossas jornadas carregando a cruz. Ajuda-nos a permanecer dóceis, especialmente neste ano eleitoral, ao carregarmos a cruz de nossas cegueiras humanas.

Versão brasileira: João Antunes

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