
“Sabendo que havia dois partidos no Sinédrio, o dos saduceus e o dos fariseus, Paulo bradou diante deles: ‘Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus, e é pela nossa esperança, a ressurreição dos mortos, que estou a ser julgado’. Estas palavras desencadearam um conflito entre fariseus e saduceus e a assembleia dividiu-se, porque os saduceus negam a ressurreição, assim como a existência dos anjos e dos espíritos, enquanto os fariseus ensinam publicamente o contrário. Estabeleceu-se enorme gritaria, e alguns escribas do partido dos fariseus ergueram-se e começaram a protestar com energia, dizendo: ‘Não encontramos nada de mau neste homem. E se um espírito lhe tivesse falado ou mesmo um anjo?’.” (Atos 23,6-9)
Ouso dizer que São Paulo é bastante astuto aqui, colocando uma parte do Sinédrio, os saduceus, contra outra, os fariseus. De repente, ele afirma que está sendo julgado por ser um fariseu e um “filho de fariseus”, que abraçou “a esperança e a ressurreição dos mortos”. Mas a “esperança” e a fé de São Paulo na “ressurreição dos mortos” era bem diferente da de seus contemporâneos fariseus, pois se baseava na fé no Senhor ressuscitado, Jesus Cristo. E é por isso que ele estava sendo julgado, como ele bem sabia. Mas, nesse momento, ele “ludibria” os membros do Sinédrio, conforme descrito acima, e isso salva sua vida (por enquanto) para continuar sua missão e “testemunhar também em Roma” (Atos 23,11).
Ao entrarmos na reta final de nossa jornada para o Pentecostes, ou o “aniversário da Igreja”, estou refletindo sobre o que significa o fato de a Igreja ser “Apostólica”, como professamos em nosso Credo. Um dos significados dessa palavra, “apostólica”, é que ela compartilha a postura dos Santos Apóstolos. E essa postura inclui ser “prudentes/sábios (φρόνιμοι) como as serpentes e simples/puros (ἀκέραιοι) como as pombas” (Mateus 10,16). Esse equilíbrio pode parecer impossível, mas é possível, pelo Espírito de Deus, Que fez com que até mesmo os Apóstolos que eram pescadores sem instrução se tornassem “muito sábios”. Como Igreja, não somos chamados para sempre sermos como cães adestrados (que rolam, e se fingem de mortos) e nem para sermos “superficiais” e pouco criativos em nosso caráter, diante daqueles que querem impedir a proclamação da Boa Nova neste mundo. Santos Apóstolos, rogai a Deus por nós!
Versão brasileira: João Antunes
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