COMEMORANDO OS FALECIDOS

Dá o descanso (Μετὰ τῶν ἁγίων ἀνάπαυσον / Со святыми упокой), ó Cristo, entre os santos, às almas dos teus servos, onde não há dor nem tristeza nem lamentação, mas vida eterna na tua presença.” (Kondákion do Sábado das Almas)

Hoje estou refletindo sobre a morte, porque é o sábado antes de Pentecostes [Calendário Juliano Tradicional], quando nós, na minha Igreja, comemoramos os falecidos. Além disso, alguém muito próximo a mim está morrendo. Penso em nossa dor, quando nos deparamos com a morte, como uma forma de protesto contra ela, porque não a aceitamos. E não deveríamos. Deus também não a aceitou, e é por isso que Ele nos enviou Seu Filho unigênito para vir e compartilhar essa realidade conosco, para sofrer por ela conosco (quando “Jesus chorou” com a família de Lázaro) e, em seguida, vencê-la por nós, na “vida eterna” de Sua ressurreição.

Nossa jornada de carregando a cruz é um processo, ao longo da vida para, de aprendizado a “protestar” contra a morte de uma maneira semelhante à de Cristo; de uma maneira que reafirme a vida. É um processo de aprender a rejeitar a morte em suas muitas formas, tanto física quanto espiritual, e aprender a adotar a Vida Nova que Deus tem reservada para nós, que será tanto física quanto espiritual, na ressurreição do corpo. Esse processo de aprendizado é gradual e muitas vezes doloroso, por exemplo, quando sofremos a morte de um ente querido, e continuamos a amá-lo e a orar por ele, bem como a amar e cuidar de nós mesmos e de outras pessoas ao nosso redor, de uma forma que reafirma a vida. Quando comemoramos nossos falecidos, “exercitamos”, por assim dizer, nossa rejeição da morte de uma forma inspirada pela fé, ao “esperarmos” e orarmos pela ressurreição dos mortos e pela vida do mundo que há de vir, como professamos no final do Credo.

Que eu rejeite a morte hoje, acolhendo a fé em meu Senhor que a vence, enquanto oro a Ele para que dê “descanso” aos meus entes queridos falecidos. E “amemo-nos uns aos outros (Ἀγαπήσωμεν ἀλλήλους / Возлюбим друг друга)”, aqueles de nós que ainda estão aqui, porque essa é a melhor maneira de protestar contra a morte. “Não morrerei, antes viverei, para narrar as obras do SENHOR!” (Salmo 118,17).

Versão brasileira: João Antunes

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