SOBRE ATIRAR PEDRAS

Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe: ‘Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. ‘Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?’. Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: ‘Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!’. E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: ‘Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?’. Ela respondeu: ‘Ninguém, Senhor’. Disse-lhe Jesus: ‘Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar’.” (João 8,3-11

Estou refletindo sobre nossa reação quando alguém que está em evidência para o público é “apanhado em adultério” ou “no ato” de algum outro pecado relacionado ao sexo. Não estou falando de atos criminosos como estupro e violência doméstica, mas de deslizes sexuais que são moralmente repreensíveis, mas não passíveis de ação legal. Não apedrejamos fisicamente os culpados até a morte, mas prontamente os bombardeamos com nosso clamor coletivo, principalmente nas redes sociais, a ponto de o nome e a carreira do culpado serem cancelados, sem esperança de redenção, independentemente de suas desculpas ou explicações públicas. (Observarei, entre parênteses, que nosso “apedrejamento verbal” costuma ser feito mais contra homens e raramente contra mulheres).

Por que Cristo nos exorta a tomar conhecimento de nossos próprios pecados nessas situações? Não é porque “dois erros fazem um acerto”. É mais porque, enquanto nosso “olho” estiver cego pela “trave” que está nele, não podemos dizer, como Ele faz a essa adúltera, “Vai e de agora em diante não tornes a pecar”, encorajando-a a fazer isso por meio de Sua palavra cheia de graça. Tudo o que temos a oferecer, em nossa falta de autoconsciência e raiva irrefletida, são pedras que causam a morte, que só podem destruir, mas não possibilitam que ninguém se torne melhor. Graças Te dou, Senhor, por não nos “condenar”, como tantas vezes fazemos uns contra os outros, mas por nos fortalecer para nos tornamos melhor, por meio de Tua Palavra compassiva e cheia de graça.

Versão brasileira: João Antunes

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