
“Em certa ocasião, Jesus passava, num dia de sábado, através das searas. Os seus discípulos, que tinham fome, começaram a arrancar espigas e a comê-las. Ao verem isso, os fariseus disseram-lhe: ‘Aí estão os teus discípulos a fazer o que não é permitido ao sábado!’. Mas Ele respondeu-lhes: ‘Não lestes o que fez Davi, quando sentiu fome, ele e os que estavam com ele? Como entrou na casa de Deus e comeu os pães da oferenda, que não lhe era permitido comer, nem aos que estavam com ele, mas unicamente aos sacerdotes? E nunca lestes na Lei que, ao sábado, no templo, os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa? Ora, Eu digo-vos que aqui está quem é maior que o templo. E, se compreendêsseis o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício, não teríeis condenado estes que não têm culpa. O Filho do Homem até do sábado é Senhor’.” (Mateus 12,1-8)
Os fariseus estavam sempre tão ocupados julgando todo mundo, de acordo com seu entendimento da Lei, que não podiam nem mesmo desfrutar de uma boa caminhada no campo com p próprio Legislador. Tanto a fonte quanto o cumprimento da Lei do Antigo Testamento estão consubstanciados na Pessoa humana e divina de Jesus Cristo, e é por isso que não somos mais chamados a seguir a Lei; somos chamados a seguir a Ele. A “antiga” Aliança entre Deus e Seu povo, expressa em nossa preocupação com as exigências da Lei, foi substituída pelo estabelecimento, por Seu Filho, da Nova Aliança “em Seu sangue”, da qual participamos. Em resposta à autodoação de Cristo, agora oferecemos a Ele um sacrifício que não é externo a nós, mas que vem de dentro de nós, — o “sacrifício de louvor” (θυσία αἰνέσεως / жертва хваления).
Podemos realmente descansar, no Espírito de Cristo, de todo espírito de condenação ou acusação, que é do “diabo” (ou “diabolos”, que significa “acusador”). Podemos deixar o julgamento de nós mesmos e dos outros para o Único Juiz e Senhor do Sábado, que deseja que “prefiramos a misericórdia ao sacrifício”, assim como Ele. Que eu deixe Sua Via, de misericórdia, penetrar em meu coração hoje, para que eu possa realmente descansar, mesmo enquanto trabalho. No novo Sabbath de Cristo, que é a nossa “liturgia após a liturgia” diária, nós “violamos o sábado e ficamos sem culpa”, assim como os sacerdotes no Templo, quando atendemos ao Seu chamado: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito” (Mt 11,29). É simples, mesmo que não seja sempre fácil.
Versão brasileira: João Antunes
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