A MÃE DA VIDA - Café com a Irmã Vassa

“O túmulo e a morte não subjugaram a Mãe de Deus, a incansável Intercessora e a vigilante Protetora; mas, sendo ela a Mãe da Vida, fê-la passar para a vida Aquele que habitou em seu seio sempre virgem.” (Kondakion da Festa da Dormição da Theotokos)

Assim como São Pedro disse a respeito da Fonte da Vida, Nosso Senhor ressurreto, que era impossível que Ele ficasse “sob o domínio” da morte (Atos 2,24), cantamos no hino citado acima que a morte “não subjugou” a Mãe da Vida. Como alguém com um papel único na História da Salvação, a Mãe de Deus também tem uma “história de salvação” única e pessoal: Ela vivenciou o Pentecostes antes de qualquer outra pessoa, na Anunciação (cf. Lucas 1,35: “O Espírito Santo virá sobre ti…”), e recebeu a graça da ressurreição corporal antes do fim dos tempos, “passando para a vida” logo após seu adormecimento por “Aquele que habitou em seu seio sempre virgem”.

Naquela “Cheia de Graça”, a Mãe de Deus, “vencidas foram as leis da terra” (νενίκηνται τῆς φύσεως οἱ ὅροι / побеждаются естества уставы), como cantamos no Hino 9 do Cânone da Dormição. Porque a graça transforma as coisas, tornando possível o que parece impossível; tornando-nos fortes em nossas fraquezas; e até mesmo tornando o “túmulo” do ventre virginal uma fonte de vida.

Hoje, ao celebrarmos a Dormição da Theotokos no Calendário Juliano Revisado, e ao entrarmos no segundo dia do Jejum da Dormição no Calendário Juliano Tradicional, sou grato à Bendita entre as Mulheres. Graças vos dou por não nos abandonardes em vossa Dormição, na qual até mesmo uma morte, a vossa morte, é uma celebração da Vida. Graças vou dou, nossa única e inigualável Mãe da Vida, por nos mostrardes esse poder transfigurador e radical da graça de Deus, que faz brotar a vida até mesmo de nossos lugares potencialmente geradores de morte. Ajudai-me a mudar as coisas hoje, pois escolho não confiar em meu próprio “poder”, mas no poder transfigurador de Deus, em Quem todas as coisas são possíveis. “Por tuas orações, livras da morte as nossas almas” (Apolitikion da Dormição).

Feliz Dormição e Assunção, queridos amigos! Para saber mais sobre essa festa, sintonize o podcast desta semana.

Versão brasileira: João Antunes