AS REVELAÇÕES DO ROSTO DE CRISTO

Estando para se completarem os dias em que devia ser recebido no céu, manifestou a firme resolução de ir a Jerusalém, e enviou mensageiros adiante de si. Indo eles, entraram numa aldeia dos samaritanos, para lhe arranjar pousada; o povo, porém, não o recebeu, porque o seu rosto era como o de quem ia para Jerusalém.” (Lucas 9,51ss)

No início da jornada de Cristo da Galileia para Jerusalém, onde seria crucificado, Ele tinha “o Seu rosto” em solene determinação de aceitar o sofrimento que estava por vir. Conforme profetizado por Isaías, “o meu rosto, não o escondi de opróbrios e de escarros… por este motivo pus o meu rosto como uma pederneira…” (cf. Isaías 50,6s). Isaías compara a determinação rígida como pedra no rosto de Cristo com a “pederneira” (também conhecida como “sílex”), que era usada para acender fogueiras e fazer ferramentas afiadas, pois é muito durável e fácil de ser cinzelada em pontas afiadas. O que o rosto de Cristo nos revelou, quando foi “posto como uma pederneira”, de fato iniciou incêndios e cortou a falsidade. É uma determinação que devemos aprender em comunhão com Ele, embora não agrade a todos. Também não agradou às pessoas da aldeia dos samaritanos, razão pela qual não O receberam.

Ao renovarmos constantemente a memória viva da Igreja conhecida como Tradição, recordamos não apenas as coisas que o Senhor encarnado disse e fez, mas também a Sua aparência, o Seu “rosto”, ao dizer e fazer essas coisas. Porque o contato face a face com Ele, que nos foi possibilitado na Encarnação, e cuja “memória” nos foi transmitida nos santos ícones, é uma parte essencial da revelação divina. O “rosto” de Jesus Cristo faz parte de Sua maneira divino-humana de Se conectar conosco; de nos atrair para a Unidade com Ele, com todas as suas consequências de iniciar o fogo e gerar vida.

Graças Te dou, Senhor, por “aparecer” para nós e nos abençoar com Seu belo rosto. Que nossos próprios rostos sejam transfigurados na luz do Seu, ao olharmos para o Seu santo ícone hoje. “Encheste todos de júbilo, ó nosso Salvador, ao vires salvar o mundo” (Tropário da Festa da Imagem “Não Feita por Mãos”).

Versão brasileira: João Antunes

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