“Passo a noite a refletir em meu coração,
e o meu espírito medita e procura:
‘Porventura, irá o Senhor abandonar-nos para sempre?
Não voltará mais a ser-nos favorável?
Acaso se esgotou por completo o seu amor
e revogou a sua promessa às gerações?
Ter-se-á Deus esquecido da sua compaixão,
ou terá fechado com ira o seu coração?’
E (então) eu disse: ‘Agora comecei;
a mudança vem da destra do Altíssimo’.
Tenho na memória os teus feitos, SENHOR,
lembro-me das tuas maravilhas de outrora.”
(Salmo 76,6-11 – cf. Septuaginta)
Os questionamentos ou temores mencionados acima às vezes mantinham o salmista acordado à noite; temores baseados na incerteza do futuro. Mas então ele voltava a se focar e a reafirmar sua fé, “lembrando-se” das boas obras do Senhor, que sempre cuidou dele, até mesmo nessa noite sem dormir. Assim, o salmista teria um novo começo e mudaria sua maneira de pensar, transformando o medo em fé: “Agora comecei”, ele dizia, e reconhecia que “a mudança vem da destra do Altíssimo”. Foi um pequeno milagre, em outras palavras, que ele pudesse redirecionar o foco e começar de novo, porque os pensamentos negativos sobre Deus retirando Sua compaixão ou “esquecendo-Se” de ser compassivo pareciam tão avassaladores que ele não conseguia lidar com eles sem o leve cutucar da “destra” de Deus levando-o de volta à Sua direção.
Sou muito grato por esse salmo, que me incentiva a começar de novo, sempre que preciso fazer isso; sempre que Deus parece distante ou indiferente, porque perdi de vista Sua presença. Transformo meus pensamentos nesta manhã, mais uma vez, pela graça da “destra do Altíssimo”; de Nosso Senhor Jesus Cristo, que está sentado à direita do Pai. “Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim”, como sempre tiveste, — digo esta manhã, ao recordar a Tua bondade para comigo, um pecador, amado e conduzido por Ti por muitos altos e baixos.
Versão brasileira: João Antunes
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