“… ‘Aqueles que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra, a recebem, dão fruto e produzem a trinta, a sessenta e a cem por um’. Disse-lhes ainda: ‘Põe-se, porventura, a candeia debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser colocada no candelabro? Porque não há nada escondido que não venha a descobrir-se, nem há nada oculto que não venha à luz’.” (Marcos 4,20ss)
Enquanto nós, que seguimos o Calendário Juliano Tradicional, nos preparamos para celebrar a Dormição da Theotokos (e na foto aqui pode ser vista a procissão da meia-noite em Jerusalém, dois dias antes da Dormição, acompanhando um ícone da Dormição de um mosteiro perto da igreja do Santo Sepulcro até a igreja subterrânea e o túmulo da Theotokos no Getsêmani), estou refletindo sobre os versículos citados acima, tanto sobre a “boa terra” daqueles que ouvem a palavra, acolhem-na e dão frutos, quanto sobre o tipo escondido ou oculto de “candeia” que deve “vir à luz”. Estou pensado na virtude outrora oculta de Maria, uma pobre menina judia de Nazaré. Ela ouviu a palavra e a acolheu silenciosamente, em uma conversa particular com um Arcanjo, na pequena vitória do seu “Faça-se” (Lucas 1,38). Foi a pequena vitória dentro dela, de permitir que a vontade de Deus fosse feita, em vez de seus próprios projetos. E então ela “deu fruto” incalculavelmente maior do que “cem vezes mais”, de modo que “todas as gerações” (Lucas 1,48) desde então a chamam de bem-aventurada. Sua pequena vitória foi o pequeno segredo de Deus, até que Ele colocou a brilhante “candeia” da Theotokos “no candelabro”, para resplandecer sobre todos nós.
Sinto-me particularmente grato por me recordar desse fato hoje, quando as más notícias parecem ser mais veiculadas na imprensa e ter mais impacto do que as boas notícias. E em nossa vida pessoal, talvez tenhamos a tendência de subestimar a importância de nossas próprias “pequenas vitórias”, como se elas não importassem, enquanto exageramos nossas derrotas. Refiro-me às pequenas vitórias “ocultas”, como esquecer um ressentimento, por mais justificado que seja, e deixar as coisas como estão; ou superar a procrastinação e retomar a leve disciplina da obediência à vontade de Deus para nós, de acordo com nossas pequenas ou grandes responsabilidades. Que eu faça a próxima coisa certa hoje, por menor que seja, porque isso é importante e virá à luz.
Versão brasileira: João Antunes
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