REZAR O CREDO

Creio em Deus, Pai todo-poderoso…” (Início do Símbolo dos Apóstolos)

Certa vez, li em uma entrevista com o falecido John McCain, senador americano do Arizona, que ele rabiscou essas palavras do início do “Símbolo dos Apóstolos” em uma parede de sua minúscula cela no Vietnã, onde permaneceu preso e foi torturado por mais de cinco anos. Essas palavras, essa profissão de fé em “Deus Pai, todo-poderoso”, foram uma parte importante daquilo que o manteve firme em uma situação de risco de vida.

Quantos de nós realmente rezam o Credo — seja este ou o Niceno-Constantinopolitano, mais comumente usado em nossa Igreja — e reconhecem seu poder de sustentar a vida diante do medo? Poucos de nós têm a experiência de um John McCain, mas muitos de nós conhecem a prisão que é o medo, que nos envolve tão facilmente quando abandonamos a fé.

Sou recordado hoje de que temos ferramentas muito poderosas e de afirmação da vida em nossa Tradição, como o Credo, que pode nos tirar do medo e nos reconectar com a Vida. “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis”, rezo hoje, do fundo do meu coração, como tantos rezaram antes de mim, e também rezam comigo hoje, em meio a seus medos e preocupações. Não preciso estar isolado em nenhuma prisão hoje, porque posso me reconectar com o Deus Triúno e com o próximo, em algo maior e para além das paredes de qualquer cela, que é a fé n’Ele. Isso também é esperança. É a esperança na vida nova que Ele pode nos trazer todos os dias por meio da Via Crucis: “Espero a ressurreição dos mortos”, que acontece todos os dias quando nos reerguemos depois de nossas quedas, “e a vida do mundo que há-de vir”, que está sempre vindo e, de vez em quando, irrompendo até mesmo nos lugares mais escuros. Feliz terça-feira, queridos amigos!

Versão brasileira: João Antunes

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