O PODER DO PERDÃO

Apareceram uns homens que traziam um paralítico num catre e procuravam fazê-lo entrar e colocá-lo diante dele. Não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao teto e, através das telhas, desceram-no com o catre, para o meio, em frente de Jesus. Vendo a fé daqueles homens, disse: ‘Homem (Ἄνθρωπε), os teus pecados estão perdoados (ἀφέωταί σοι)’. Os doutores da Lei e os fariseus começaram a murmurar, dizendo: ‘Quem é este que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?’. Mas Jesus, penetrando nos seus pensamentos, tomou a palavra e disse-lhes: ‘Que estais a pensar em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Os teus pecados estão perdoados, ou dizer: Levanta-te e anda? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem (ὁ υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου) tem, na terra, o poder de perdoar pecados, ordeno-te — disse ao paralítico: Levanta-te, pega no catre e vai para tua casa’. No mesmo instante, ergueu-se à vista deles, pegou na enxerga em que jazia e foi para a sua casa, glorificando a Deus.” (Lucas 5,18-25)

Os fariseus estão errados, presumindo que “somente Deus” pode perdoar pecados. Cristo, que se autodenomina “o Filho do Homem (ὁ υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου)”, e que aqui Se dirige a um de nós, paralíticos, como “Homem (Ἄνθρωπε)”, revela-nos que, em comunhão com o Deus-Homem, todos nós partilhamos desse poder de perdão. É por isso que Ele não diz ao paralítico: “Eu perdoo” seus pecados, mas: Seus pecados “estão perdoados”, neste encontro entre você e Eu, em nossa humanidade compartilhada. Cristo compartilha Sua humanidade capacitadora e perdoadora com nossa humanidade paralisada, possibilitando que nos levantemos e “voltemos para casa”, quando estamos dispostos a participar desse encontro e a compartilhar Seu tipo de humanidade, capacitada por meio do perdão.

Por isso Ele nos ensina a orar junto com Ele: “Pai Nosso… perdoa as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mateus 6,12). N’Ele e com Ele, somos todos filhos e filhas de Deus, capacitados pela graça a perdoar “a quem nos tem ofendido”, inclusive a nós mesmos, para que possamos nos levantar e seguir em frente, livres da dúvida e da aversão a nós mesmos que nos impedem de atender ao chamado de Deus, sendo úteis a nós mesmos, a Ele e ao próximo. “Pai Nosso”, digo a Deus hoje com tantos outros, “perdoa as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, para que possamos voltar para casa, para o Senhor.

Feliz segunda-feira e dia da Santa Mártir Sofia e suas três filhas: Fé, Esperança e Caridade (no Calendário Juliano Tradicional)!

Versão brasileira: João Antunes

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