DIZER “PAZ, PAZ”, QUANDO NÃO HÁ PAZ

Tratam, à toa, as feridas do meu povo,
dizendo: ‘Paz! Paz!’ (Shalom, shalom, שָׁל֣וֹם שָׁל֣וֹם)
Mas não há paz.
(Jeremias 8,11)

A frase “Paz, paz, mas não há paz”, que ocorre cinco vezes na Bíblia em variantes ligeiramente diferentes, adverte que, em certos casos, a palavra “paz” não significa de fato paz alguma, não importa quantas vezes certas pessoas a repitam. Estou refletindo sobre isso neste 7 de outubro, que marca um ano do ataque terrorista contra o povo de Israel, que matou mais de 1.250 pessoas e fez 251 reféns. Desses reféns, 97 permanecem (vivos ou mortos) no cativeiro do Hamas, e mísseis continuam a ser lançados contra Israel, juntamente com pedidos de “paz, paz”.

Na passagem do profeta Jeremias citada acima, observe a conexão feita entre não levar, ou levar “levemente” (נְקַלָּ֔ה neqallah), a sério a ferida do povo de Deus e declarações vazias de “paz, paz”. Nesse caso, a palavra “paz” não é um símbolo da paz verdadeira, no sentido bíblico; em vez disso, ela serve à perpetuação de uma injustiça, da “ferida do Meu povo”, e está sendo articulada não a serviço de Deus, mas a serviço daqueles que são indiferentes à “ferida” do Seu povo.

O que significa a paz verdadeira ou “shalom” na Bíblia? A raiz da palavra “shalom”, sh-l-m, abarca vários significados, não apenas “paz” em nosso sentido usual dessa palavra, ou seja, em nosso sentido de tranquilidade, não-guerra, cessar-fogo, calmaria, etc. No sentido bíblico, a palavra “paz” ou shalom significa: integridade/sanidade, bem-estar, justiça e segurança. Na ausência disso, na ausência de integridade/sanidade, bem-estar, justiça e segurança, não há paz, no sentido bíblico. É uma falsa “paz”, se não for dedicada ou servir aos propósitos de integridade/sanidade, bem-estar, justiça e segurança das pessoas a quem é proposta.

Neste 7 de outubro, oro pela paz verdadeira, por todo o povo de Deus “ferido”, obrigado a se defender contra vizinhos terroristas, tanto em Israel quanto na Ucrânia. Que seus entes queridos sejam libertos do cativeiro, e que a integridade, o bem-estar, a justiça e a segurança sejam restaurados em seus lares. Amén!

Versão brasileira: João Antunes

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