LIBERTOS DA FOME MORTAL

Em teu ventre, ó Theotokos, contemplamos uma rica eira. Tu carregas a espiga do grão que cresceu sem ser semeado; teu Filho é a Palavra eterna: De maneira maravilhosa, tu O darás à luz na gruta de Belém, Ele sustentará amorosamente toda criatura com o conhecimento de Deus, libertando a raça humana da fome mortal/que mata a alma (λιμοῦ ψυχοφθόρου, от глада/голода душетленнаго).” (Hino de Vésperas, Pré-festa da Natividade)

Hoje iremos refletir sobre a parte final desse hino pré-natalino, que fala sobre uma questão muito prática: nosso tipo de “fome” mal direcionada — o tipo que nunca satisfaz, mas que acaba matando nossa fome sadia de comunhão com Deus e uns com os outros. Quando deixamos que nossa fome espiritual seja mal direcionada, como fizeram Adão e Eva no jardim, deixamos de progredir da maneira que Deus queria que progredíssemos, em harmonia com Ele, uns com os outros e com toda a criação. Quando tentamos preencher esse buraco em nosso coração com substitutos de Deus, como o consumismo, o comer e/ou beber de forma não sadia, o sexo não saudável, o entretenimento vazio, o desejo de poder ou outros prazeres não saudáveis, como o vitimismo, os ressentimentos, a inveja, etc., acabamos perdendo tempo perseguindo nossa própria cauda, tendo nos desligado da Fonte de Vida e Conhecimento. Ficamos insatisfeitos e desconfortáveis em nós mesmos, como Adão e Eva, e, como eles, começamos a nos isolar e a nos esconder de Deus e uns dos outros.

O Filho de Deus está chegando ao nosso mundo, encarnado, a fim de oferecer-Se a nós, como nosso alimento, nossa nova “pele” e como nossa nova Via a seguir. Como o hino citado acima nos recorda, “Ele alimentará amorosamente cada criatura com o conhecimento de Deus, libertando a raça humana da fome mortal (que mata a alma)”. Com amor, Ele nos oferece Sua própria “pele” como nossa nova veste, para que nós, batizados ou imersos n’Ele, possamos nos revestir d’Ele. Não precisamos mais ficar insatisfeitos ou desconfortáveis em nós mesmos, nem perder tempo. Neste Jejum da Natividade ou Advento, que eu seja guiado para “Beth-le-hem” (que significa “casa do pão”), enquanto reoriento minha “fome” dada por Deus para Ele, que vem para me libertar da escravidão dos círculos egocêntricos.

Versão brasileira: João Antunes

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