JOSÉ APRENDE A ACEITÁ-LA

Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados’. Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta…” (Mateus 1,18-22)

Neste segundo dia da Pré-festa do Natal (Calendário Juliano Revisado), estou refletindo sobre como esse drama familiar foi muito humano. Essas duas pessoas, José e a jovem Maria, mal se conheciam, de modo que seu drama se desenrolou em silêncio. Quando a situação muito embaraçosa se instalou e a gravidez dela começou a se evidenciar, José lidou silenciosamente com seus temores. Aparentemente, ela também não disse nada. E foi aí que um anjo entrou em cena, um dos mocinhos invisíveis.

Isso faz com que a história não seja compreensível para nós, pessoas comuns? Acho que é compreensível e contém uma lição prática para todos nós, para aqueles momentos difíceis em nossas próprias relações homem-mulher, quando tememos a rejeição ou a traição, mas não sabemos o que dizer ou como agir. A lição é que José não se enfureceu em seus medos silenciosos e teve compaixão por sua noiva, e é por isso que ele estava aberto à voz de um dos mocinhos invisíveis. Essa voz o empurrou na direção certa, dizendo: “Não temas”. Depois disso, José a aceitou como ela era e por quem ela era; uma mulher com uma vocação que não veio dele, mas de Deus.

Graças a Deus, ele não a mandou embora, porque ela precisava dele. Até ela precisava de um homem em sua vida, naquela época. Assim como nós precisamos uns dos outros. Eu, por exemplo, preciso tanto de homens quanto de mulheres em minha vida e, às vezes, tenho medo de não poder confiar naqueles que Deus envia para minha vida. Esses medos são, às vezes, compreensíveis, mas — e aqui está a lição que extraio da história citada acima — não se deve permitir que o medo se transforme em raiva ou ressentimento. O medo precisa ser tratado com seu antídoto, a fé, e aberto a Deus, que pode nos iluminar, e de fato o faz, sobre como ou se devemos agir em qualquer relacionamento humano. Por Sua graça, se eu tiver um pouco de paciência e compaixão comigo mesmo e com o próximo, serei capaz de obedecer aos mocinhos, às boas vozes entre nós, tanto as visíveis quanto as invisíveis, que nos orientam na direção certa. Deus, pelas orações de todos os Teus santos, ajuda-nos a não agir de forma precipitada ou perder os relacionamentos que devemos cultivar e que devem ser cultivados por nós.

Feliz segundo dia da Pré-festa, amigos que seguem o Calendário Juliano Revisado!

Versão brasileira: João Antunes

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