“Nessa ocasião, apareceram alguns a falar-lhe dos galileus, cujo sangue Pilatos tinha misturado com o dos sacrifícios que eles ofereciam. Respondeu-lhes: ‘Julgais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus, por terem assim sofrido? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos igualmente. E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé, matando-os, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos da mesma forma’.” (Lucas 13,1-5)
Estou meditando sobre essa passagem do Evangelho de hoje, que trata de um desastre causado pelo homem (ou planejado pelo homem) e outro, não causado pelo homem ou não planejado pelo homem, que trouxe morte súbita às vítimas. O primeiro foi o massacre de Pilatos no monte do templo, e o segundo foi o desabamento de uma torre em Siloé, que matou dezoito pessoas. Isso me faz recordar dois desastres atuais, que também causam morte súbita às suas vítimas: a guerra contra a Ucrânia, provocada e planejada pelo homem, e os incêndios florestais no condado de Los Angeles. Esses últimos talvez tenham sido parcialmente causados pelo homem, mas certamente não foram planejados. Assim como a torre de Siloé foi feita pelo homem, mas certamente não com a intenção de desabar e matar pessoas.
Nosso Senhor faz duas observações aqui. Primeiro, Ele adverte contra a suposição de que as vítimas dessas tragédias repentinas e sem sentido tenham sido julgadas por seus pecados. Todos somos pecadores, e presumir que as vítimas dessas tragédias são, de alguma forma, piores do que o restante de nós e, portanto, merecem morrer, é errado. Seu segundo pensamento é que todos nós precisamos nos converter, ou seja, mudar nosso foco, porque não sabemos exatamente quando ou como morreremos. Se não tivermos consciência desse fato e não estivermos atentos à nossa própria “conversão”, preferindo julgar os outros (como fizeram aqueles que pensaram ter sido as vítimas de Pilatos ou do colapso da torre), nós “pereceremos todos da mesma forma”, diz o Senhor, — no sentido de que nossa morte nos pegará despreparados para ela. Mas se estivermos sempre em modo de conversão, sempre nos focando e re-focando em nosso caminho de salvação e em nossa jornada para uma vida nova no reino de Deus, a morte não nos encontrará despreparados, seja como for ou quando for.
É natural que, quando acontece uma tragédia, perguntemos por quê. E quando ela é provocada e planejada pelo homem, quando é um crime, é importante levar à justiça o(s) criminoso(s) responsável(is). Mas não é nosso papel ou nosso direito culpar as vítimas ou tomar o julgamento de Deus sobre elas, porque somente Ele é o Juiz de nossos pecados. Portanto, que eu leia as manchetes sobre mortes súbitas como uma advertência à conversão, como um chamado ao autoexame, e não como uma ocasião para julgar as vítimas. Todas as nossas vidas são basicamente um castelo de cartas, que pode desmoronar a qualquer momento, por motivos humanos ou não. Socorra-nos, salva-nos, tem piedade de nós e guarda-nos, ó Deus, pela Tua graça.
Versão brasileira: João Antunes
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