O ESCÂNDALO DO CEGO DE NASCENÇA

Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Os seus discípulos perguntaram-lhe, então: ‘Rabi, quem foi que pecou para este homem ter nascido cego? Ele, ou os seus pais?’. Jesus respondeu: ‘Nem pecou ele, nem os seus pais, mas isto aconteceu para nele se manifestarem as obras de Deus’.” (João 9,1-3)

Certas “obras de Deus” são reveladas no homem cego de nascença, ou seja, um homem que nasceu bem diferente da maioria das pessoas, porque ele não enxergava como os outros enxergavam. O fato de ele não enxergar como eles enxergavam escandalizou seus concidadãos, de modo que eles até presumiram que era por causa do “pecado”.

Que “obras de Deus” são reveladas por meio desse escândalo, desse desafio que o homem representava para seus concidadãos? Por um lado, ele demonstra aos outros que a visão é uma obra das mãos criativas de Deus, que “atua” em nossa visão não apenas ou principalmente ainda no ventre de nossa mãe. A história do processo de cura desse homem inclui o fato de ele ter acreditado na palavra de Cristo e ter ido à piscina de Siloé para lavar a lama que o Senhor colocou em seus olhos; o fato de ele ter testificado que Jesus foi Quem o curou e ter sido “expulso” pelas autoridades religiosas por causa disso; e, finalmente, o fato de ele ter passado a crer em Cristo e a adorá-l’O quando o Senhor o encontrou e falou com ele depois de ter sido expulso.

Tudo isso, meus amigos, é como o homem cego de nascença revela ao restante de nós como o Filho de Deus “atua” em nossa visão, para “que os que não veem vejam” (João 9,39). Isso é significativo para todos nós, porque todos nascemos cegos. Alguns de nós escolhemos permanecer cegos, se preferirmos a religião meramente humana à fé dada por Deus. Esta, a fé dada por Deus, é impossível sem uma humilde aceitação da via de Cristo, a Via Crucis, por meio da qual Ele nos ensina e nos toca e realiza Suas obras por meio de nós, separando-nos (às vezes dolorosamente) da religião meramente humana. E, às vezes, isso nos obriga a andar pela cidade com lama no rosto. Graças Te dou, Senhor, nossa verdadeira Luz, Que ilumina e opera em nossa noite, por meio do escândalo de Tua cruz.

Versão brasileira: João Antunes

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