
“Prepara-te, Ó Belém, pois o Éden foi aberto a todos! Adorna-te, Ó Efrata, pois a árvore da vida floresce da Virgem na gruta! Seu ventre é um paraíso espiritual plantado com o Fruto Divino: se comermos dele, viveremos para sempre e não morreremos como Adão. Cristo está chegando para restaurar a imagem que Ele fez no início!” (Tropário da Pré-Festa da Natividade)
Todos os anos, quando começa a Pré-Festa da Natividade (20 de dezembro no Calendário Juliano Revisado, ou 2 de janeiro no Calendário Juliano Tradicional) e eu ouço estas palavras, “Prepara-te, ó Belém… Adorna-te, ó Efrata…” (outro nome de Belém é “Efrata”), penso que somos nós, como Igreja, os que estamos sendo chamados a nos preparar e a nos adornar. Por quê?
Porque o restante deste hino deixa claro que é a uma pessoa que estamos nos dirigindo, a Virgem na gruta. O seu ventre é o lugar onde o Grande Evento está acontecendo, para o qual nós nos preparamos. Enquanto “Belém”, que significa “casa do pão”, ou “Efrata”, que significa “fecunda”, é um lugar inanimado, incapaz de se preparar ou se adornar, a Virgem-Mãe é quem é verdadeiramente a “casa do pão”, e ela se aproxima do momento em que será “Efrata”, “fecunda”, trazendo ao mundo o Fruto Divino.
A razão pela qual digo que somos “nós” os que estamos sendo chamados aqui é que todos nós, como Mãe-Igreja, participamos da sua vocação. É a Mãe-Igreja que oferece o Fruto Divino em cada Eucaristia, e somos nós que “dele comemos” para que sejamos “erguidos novamente” por Cristo, Que nasce no meio de nós através dessa nossa ação coletiva, eclesial e sacrificial. Nós nos oferecemos em comunhão com Ele, em resposta à Sua auto-doação, que vem a nós uma e outra vez, como Ele faz. Em poucas palavras, a Pré-Festa nos convida a nos preparar e a nos adornar para a Sagrada Comunhão na Festa da Natividade.
De qualquer forma, cheguei a Roma e estou publicando aqui uma foto da Basílica de Santa Maria Maior, onde se diz que está guardada a manjedoura original de Belém, o cocho onde o Senhor foi deitado. Vale notar que este detalhe, o fato de Ele ter sido colocado num cocho de alimentação logo ao nascer, reforça a verdade revigorante da nossa fé: Ele nasce para nós como nosso Alimento vivificador, que nos devolve à Vida, para que possamos novamente ser “fecundos” e fazer crescer em nós, pela Sua graça, a pequena semente da fé até se tornar a Árvore da Vida que floresce em nós e alimenta outros, “a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos” (Mateus, 13,32c).
Graças Te dou, Senhor, e feliz Pré-Festa, queridos amigos.
Versão brasileira: João Antunes
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