“E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: ‘Onde estás?’. E ele respondeu: ‘Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me’.” (Gênesis 3,8-10)
N’A Queda, Adão e Eva mudaram de foco; eles afastaram-se do Caminho de Deus, de fazer e de conhecer as coisas, e decidiram buscar o seu próprio caminho. E esta decisão, de confiar e de focar em si mesmos, na busca de um caminho e um conhecimento sem Deus, leva-os a ter medo. A autossuficiência nos leva a ter medo, porque na autossuficiência, percebemos (mais cedo ou mais tarde) que os nossos próprios ombros humanos são insuficientes para carregar todo o “conhecimento do bem e do mal” de nosso mundo. Desde o início, Deus quis levar-nos através da nossa “educação”, em Seu Caminho, e em Seu tempo, para que não nos desesperássemos por tentar isso fora d’Ele.
Mas, uma vez que fomos em frente e rompemos com Ele, Deus interveio, primeiro, não tirando nossa escolhida dor auto-infligida “do conhecimento do bem e do mal”, mas distraindo-nos dela, ao expulsar-nos do paraíso para experimentar outras formas de sofrimento, como o trabalho penoso (Gênesis 3,17ss) e o parto (Gênesis 3,16), que Ele torna gratificantes e até mesmo em cura para nós. E introduzindo-nos a estas formas de sofrimento, que Ele torna “produtivas” para nós, Deus nos prepara para a próxima fase de Sua “intervenção” em nosso sofrimento auto-infligido, que é nos enviar Seu Filho Unigênito, para compartilhar esse sofrimento e superá-lo. Cristo toma sobre seus ombros toda a “árvore”, tornando-a não só recompensadora e cura, mas totalmente redefinindo-a, como salvífica para nós, quando escolhemos participar de Seu Caminho de carregar a cruz. Além disso, Ele “destrói” o símbolo escolhido do Inimigo de nossa Salvação, “da serpente na árvore”, levantando-Se nela, como fez a “serpente” no jardim (cf. João 3,14s). Em Cristo, não precisamos mais ter medo, nem da serpente, nem da árvore, porque em Cristo podemos crescer e ganhar o verdadeiro “conhecimento”, melhor dizendo, Nova Vida, enfrentando nossa dor e não evitando-a, no Caminho da Cruz.
Versão brasileira: João Antunes
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