“[Os santos no Novo Testamento] Foram apedrejados, massacrados, serrados ao meio, mortos a fio de espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de cabra, necessitados de tudo, perseguidos e maltratados, homens de que o mundo não era digno! Refugiaram-se nas solidões das montanhas, nas cavernas e em antros subterrâneos. E, no entanto, todos estes mártires da fé não conheceram a realização das promessas! Porque Deus, que tinha para nós uma sorte melhor, não quis que eles chegassem sem nós à perfeição (da felicidade). Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus. Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus.” (Hebreus 11,37-12,2)
As testemunhas do verdadeiro Deus, que viveram antes da vinda de Cristo, “não conheceram a realização das promessas” de salvação por meio d’Ele, até o rasgar do “véu” feito pelo homem que separava Deus de nós (Mateus 27,50s) por meio de Sua morte que pisoteou a morte. Os santos do Antigo Testamento tiveram que esperar, mesmo além de suas vidas terrenas, pela “sorte melhor” que Deus havia providenciado para todos nós, na vinda a nós, morte e ressurreição por nós, de Seu Filho. “Quando eu for levantado da terra”, Cristo nos prometeu, falando sobre Sua elevação na cruz, “atrairei todos os homens a mim” (João 12,32).
Embora vivamos “depois” da vinda do Prometido, nosso Senhor Jesus Cristo, na história humana, em nossas “histórias” pessoais, compartilhamos a experiência dos santos do Antigo Testamento, a necessidade de esperar e resistir — assim como Ele, — na jornada carregando a cruz. De diferentes maneiras, também experimentamos períodos em que “não conhecemos a realização das promessas” e podemos até nos sentir abandonados por Deus — como Ele, — quando clamou da cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mateus 27,46). Mas, diferentemente dos santos do Antigo Testamento, a “nós” que vivemos na era da Igreja nos é dado ter “o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé”, e ter comunhão, ou participar, já aqui, na Nova Vida do Senhor ressuscitado. Por um lado, somos chamados a ter “mais” comunhão, em Cristo, que Se oferece a nós em Seu Corpo e Sangue. Por outro lado, recebemos mais “responsabilidade”, isto é, “capacidade de responder” a esse chamado, sendo fortalecidos pela abundante graça do Espírito Santo, derramada sobre nós nos sacramentos. Então, “desvencilhemo-nos das cadeias do pecado”, como os medos egoístas, os ressentimentos, o desânimo, e assim por diante, e “corramos com perseverança” a aventura à qual Deus nos enviou, confiando cada um de nós com nossas vocações específicas. “Socorrei-nos, salvai-nos, tende piedade de nós e conservai-nos, ó Deus, pela Vossa graça.”
Versão brasileira: João Antunes
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