“Então, os discípulos de João, dirigindo-se a ele, perguntaram: ‘Por que jejuamos nós e os fariseus, e os teus discípulos não?’. Jesus respondeu: ‘Podem os amigos do esposo estarem tristes, enquanto o esposo está com eles? Dias virão em que lhes será tirado o esposo. Então, eles jejuarão. Ninguém põe um remendo de pano novo numa veste velha, porque arrancaria uma parte da veste e o rasgão ficaria pior. Não se coloca tampouco vinho novo em odres velhos; do contrário, os odres se rompem, o vinho se derrama e os odres se perdem. Coloca-se, porém, o vinho novo em odres novos, e assim tanto um como outro se conservam’.” (Mateus 9,14-17)
Hoje, no último dia do Jejum dos Apóstolos para aqueles no Calendário Juliano Revisado, e no quinto dia para nós no Calendário Juliano Tradicional, temos esta leitura sobre o jejum. O Senhor apresenta duas razões pelas quais os apóstolos não jejuavam, como faziam os discípulos de João e os fariseus, enquanto Ele estava “com eles”: 1. Não era o momento apropriado para fazê-lo, e 2. Eles não estavam prontos para estas “novas” formas de piedade, incluindo um “novo” tipo de jejum na Era da Igreja, na “comunhão do Espírito Santo”; do “novo” Consolador, que deveria ser enviado a eles no Pentecostes.
Como é o nosso tipo de jejum, na Era da Igreja, “novo”? Ele está intimamente ligado ao nosso “novo” tipo de comer e beber, que é santificado e dignificado, se você assim quiser, pelo comer e beber do Corpo e Sangue de Cristo. Nós não apenas jejuamos, mas também nos banqueteamos, como Igreja, “ao redor” da, ou focados na, celebração da Eucaristia. É a Eucaristia que é sempre o ponto focal de nossa celebração das festas litúrgicas, e ela (a Eucaristia) é sempre precedida por períodos mais curtos ou mais longos de jejum.
Por que a abstinência de, e a participação no, “alimento” é uma parte central de nossa “nova” vida na Igreja? Porque foi a nossa “má escolha de alimento” no jardim, quando escolhemos buscar “alimento” onde Deus não nos abençoou, o que levou à nossa fragmentação (Gênesis 3). E isso continua a ser válido para nós, que nos fragmentamos buscando “alimento” nos lugares errados — física, espiritual e intelectualmente. Quer dizer, podemos procurá-lo na comida não saudável, em quantidades perigosas de álcool ou outras drogas; em relacionamentos insalubres; e em fontes nocivas de informação e entretenimento. Através do nosso jejum e banquete físicos e comunitários, a Igreja nos oferece um instrumento útil, que nos ajuda a nos guiar para o jejum e o banquete espirituais, isto é, para os limites apropriados de nossa busca por “alimento”. Porque o físico afeta o espiritual, e vice-versa, como aprendemos se tentarmos. Glória a Deus por nossa Tradição que nos alimenta bem.
Versão brasileira: João Antunes
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