“… ‘Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna’. Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.” (João 3,14-17)
Então aqui nosso Senhor está “lendo” uma passagem do Antigo Testamento à luz do Novo; à luz de Sua cruz. Ele está se referindo a um evento no Livro de Números: Quando o povo começou a murmurar contra Deus e contra Moisés no deserto, resmungando sobre a situação alimentar, Deus enviou “serpentes ardentes” que os morderam, de modo que muitas pessoas de Israel morreram. Quando se arrependeram, Moisés intercedeu por eles, e “o Senhor disse a Moisés: ‘Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo’. Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida.” (Números 21,8s).
Qual é o “ponto” de conectar dois eventos históricos, um do Antigo Testamento e outro do Novo, dessa maneira? Revelar-me, em ambos os eventos, o Único e Mesmo Deus, que “de tal modo amou o mundo”, e assim agiu e falou, na linguagem específica de Seus mistérios e símbolos. Ao longo de nossa história, Ele nos revela certos mistérios, como o Mistério da Cruz, nem sempre conhecido por nós, mas conhecido por Ele, desde o princípio, já quando Ele plantou a simbólica “Árvore da Vida” no meio de nosso jardim (Gênesis 2,9).
Quão divinamente esperto, Ele nos curar da “mordida” da “serpente” que nos falou de uma árvore, pelo apropriar-Se dos mesmos símbolos empregados pelo tentador: Assim como o maligno nos apresentou sua própria “verdade” como uma “serpente” em uma árvore, Deus também fez Moisés “levantar a serpente” num poste, mas com consequências opostas. E assim Ele voluntariamente Se eleva à Sua cruz, “fazendo-se por nós maldição” (Gálatas 3,13), uma escandalosamente salvadora “serpente”, para que “o mundo seja salvo por Ele”. Oh, a esperteza divina! Glória à Tua honorável Cruz e Ressurreição, ó Senhor!
Versão brasileira: João Antunes
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