“Neste momento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: ‘Quem é o maior no Reino dos Céus?’. Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: ‘Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos Céus. E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe. Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que creem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar’.” (Mateus 18,1-6)
Por causa de toda a publicidade em torno da ativista climática sueca de 16 anos, Greta Thunberg, esses últimos dias, tenho refletido muito sobre a ideia geral de “aprender com as crianças”. O que exatamente nosso Senhor diz que devemos aprender com as crianças?
Na passagem citada acima, até onde posso ver, eis o que Ele diz que devemos aprender ao interagir com crianças: 1. Fazer-nos humildes “como esta criança”, que silenciosamente estava diante d’Ele; 2. “Recebê-las”, como Ele fez, em vez de mandá-las embora; e 3. “Não” fazer cair em “pecado” estes “pequeninos”. Em outras passagens, lemos que o “louvor” a Deus vem da boca das “crianças”, o que deve ser instrutivo para nós: “Da boca dos meninos e das crianças de peito tirastes o Vosso louvor” (Salmo 8,3; Mateus 21,16).
Mas deixe-me fazer uma observação inteiramente politicamente incorreta, sobre todas estas passagens: nenhuma delas, até onde posso ver, refletem as maneiras pelas quais parecemos estar dispostos a “aprender” com as alarmantes correções, da adolescente sueca Greta Thunberg (Deus a abençoe), ao mundo adulto. Parece que estamos dispostos a “receber lições”, de uma criança, e não o louvor a Deus, e nem a humildade (nenhuma das coisas que vêm à mente quando a ouvimos falar), mas temores específicos em relação às nossas políticas relacionadas aos recursos naturais. E, embora eu não negue preocupações legítimas sobre os problemas que envolvem nossos recursos naturais e mudanças climáticas, vejo a delegação desses problemas à voz de uma criança como uma negligência de nossa responsabilidade, como adultos, incluindo cientistas experientes e formuladores de políticas, em lidar com essas responsabilidades de maneira adulta e em discussões adultas e sérias. Assim como Carl Jung lamentou o fato de que vivemos na “era da criança”, quando a responsabilidade e o crescimento adultos são negligenciados, enquanto estamos obcecados pelas “crianças”, eu lamento o fato de “fazermos cair em pecado” certos “pequeninos”, delegando a eles os medos associados à nossa própria inatividade em face às nossas responsabilidades. “Onde as crianças brincam?”, pergunto com Cat Stevens. Gostaria de deixá-las brincar, enquanto resolvemos estes assuntos. E deixá-las vir, não para nossas discussões, mas para nosso Senhor Jesus Cristo, como Ele nos convida a fazer: “Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos Céus é para aqueles que se lhes assemelham” (Mateus 19,14).
Versão brasileira: João Antunes
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