“Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes. Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: ‘Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia’. Jesus, porém, respondeu: ‘Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer’. – ‘Mas’ – disseram eles – ‘nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes’. – ‘Trazei-mos’ – disse-lhes ele. Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo. Todos comeram e ficaram fartos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios. Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças. Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão.” (Mateus 14,14-22)
É assim que a Eucaristia acontece na igreja. Não é apenas Deus que faz todo o trabalho. Ele é realizado por 1. Deus, e 2. o povo de Deus, no sentido dos leigos, junto com 3. os seres humanos especialmente designados, Seus apóstolos e seus sucessores, aos quais Ele diz: “Não é necessário [despedir esta gente]: dai-lhe vós mesmos de comer”. Os discípulos primeiro recolhem vários pães e peixes do povo (cf. Marcos 6,38), e com isso o Senhor “trabalha”, multiplicando-os para alimentar a todos.
Ao contemplar a leitura deste domingo, citada acima, na era Covid-19, que eu me recorde de que todos nós estamos destinados a trabalhar juntos, – 1. Deus; 2. nós, o povo, que “não precisamos ir embora”, e 3. nosso clero, – no “trabalho mútuo” que é a “Liturgia” (ou “leit-ourgia”, que significa “trabalho do/para o povo”), eu percebo que na maioria de nossas igrejas nós, os leigos, não provemos mais o pão e o vinho diretamente, trazendo-os de nossas casas para a igreja. Assim, tendemos a pensar que a Sagrada Comunhão, e como ela é provida, é de responsabilidade exclusiva de nosso clero. Mas o fato é que a maneira como nosso Senhor pretendia nos “alimentar” com Seu “pão” vivificante é compartilhando esta responsabilidade com todos nós, o povo e o clero.
Portanto, estou refletindo que todos nós precisamos trazer nossos dons para “a mesa”, tanto os leigos quanto o clero, para realizar a Eucaristia e discernir como fazer isso em nosso tempo de pandemia. “Amemo-nos” e escutemos uns aos outros, as hierarquias e os políticos, os cientistas e os médicos, os artistas e os empresários, os monásticos e as pessoas solteiras e casadas, e o resto de nós, “para que confessemos em unidade de espírito”, e mantenhamos a comunhão nestes tempos de divisão.
Versão brasileira: João Antunes
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