QUANDO A TRISTEZA É UMA COISA BOA

Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: ‘Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?’. Disse-lhe Jesus: ‘Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos’. – ‘Quais?’ – perguntou ele. Jesus respondeu: ‘Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo’. Disse-lhe o jovem: ‘Tenho observado tudo isso desde a minha infância. Que me falta ainda?’. Respondeu Jesus: ‘Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!’. Ouvindo essas palavras, o jovem foi embora muito triste, porque possuía muitos bens. Jesus disse então aos seus discípulos: ‘Em verdade vos declaro: é difícil para um rico entrar no Reino dos Céus! Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus’. A estas palavras seus discípulos, pasmados, perguntaram: ‘Quem poderá então salvar-se?’. Jesus olhou para eles e disse: ‘Aos homens isso é impossível, mas a Deus tudo é possível’.” (Mateus 19,16-26)

O objetivo desta passagem não é chamar nossa atenção para isto ou aquilo “de bom” que “devemos fazer”, para entrar na “vida”, que é a comunhão com a Fonte da Vida, Deus. E, claro, o objetivo do nosso Senhor aqui não era levar-nos, nem ao “jovem” de “bens”, ao desespero, indicando a nós e a ele aquilo que à maioria de nós “falta ainda” em “perfeição”.

Mas assim como o “jovem” espiritualmente ambicioso se tornou “triste”, – talvez pela primeira vez em sua próspera vida, – o objetivo do Senhor aqui é despertar em nós uma “tristeza piedosa” ou sede do Único “que é bom”, Deus. Ao contrário da “tristeza” paralisante e meramente humana que surge de nosso perfeccionismo, quando nos concentramos em “nossas” boas ações ou nas “coisas que devemos fazer”, a “tristeza piedosa” que recebemos no chamamento de Cristo, para O seguirmos, dá-nos a humildade e a paz que nos traz vida, trazendo-nos a humildade e a paz de nos concentrarmos na única bondade e perfeição que é Deus. Como São Paulo escreve: “De fato, a tristeza segundo Deus produz um arrependimento salutar de que ninguém se arrepende, enquanto a tristeza do mundo produz a morte” (2ª Coríntios 7,10).

Graças Te dou, Senhor, por teres posto hoje o meu coração e a minha mente a descansar, na “tristeza” criadora de alegria do que me “falta” em Tua luz. “Vinde a mim”, dizeis-nos hoje, “vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mateus 11,28ss).

Versão brasileira: João Antunes

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