“Bebe água dos teus vasos e dos poços da tua fonte. Que não transbordem para ti as águas a partir da tua fonte; que as tuas águas fluam para as tuas ruas. Que te pertençam somente a ti; e que nenhum estrangeiro tenha parte do que te pertence. Que a tua fonte de água seja somente tua; e alegra-te com uma mulher conhecida desde a tua juventude. […] que ela seja considerada tua e esteja sempre contigo, pois levado pelo amor dela serás aumentado. Não estejas muito com uma estrangeira; nem sejas abraçado por uma que não é tua. Pois diante dos olhos de Deus estão os caminhos de um homem; ele observa todos os seus trilhos.” (Provérios 5,15-18.19b-21 cf. Septuaginta – tradução ao Português por Frederico Lourenço)
Hoje, na nossa Era da Internet, posso “beber água” dos muitos “poços” disponíveis, e também “transbordar” o meu próprio por todo o lado. O que é que isto significa? Significa que me distraio facilmente da minha própria vocação e tradição; de ser de serviço e utilidade nas formas específicas que me são dadas, de acordo com a formação, a instrução, os talentos, as pessoas, as situações, e outros dons que me são dados. Posso até esquecer-me de falar com a(s) pessoa(s) mesmo à minha frente, se o meu nariz estiver na pequena tela do meu telefone, constantemente distraído “noutro lugar”.
A Quaresma oferece-me uma espécie de “curso intensivo” de reidentificação com a “mulher conhecida desde a minha juventude”. A “mulher conhecida desde a minha juventude” é a minha própria Tradição, que me nutriu, e cuidou de mim, e continua a estar lá para mim, recordando-me de quem eu sou, mesmo nos momentos em que estive procurando “noutro lugar”. Portanto, hoje que eu beba “dos poços da minha fonte”, e volte a concentrar-me nas abundantes bênçãos que tenho no aqui e no agora. Senhor, ajuda-me a ser grato e útil hoje, nos caminhos imediatos que Tu me propuseste. Amén!
Versão brasileira: João Antunes
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