“De pé, no meio do Areópago, Paulo disse, então: ‘Atenienses, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens. Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: ‘Ao Deus desconhecido’. Pois bem! Aquele que venerais sem o conhecer é esse que eu vos anuncio’.” (Atos 17,22s)
São Paulo começa o seu famoso Sermão do Areópago com as palavras cruciais: “Vejo que…”. E continua tecendo várias observações, aos atenienses pagãos, sobre a sua religiosidade. Assim, o grande Apóstolo dos Gentios teve primeiro tempo para “ver” e apreciar a mentalidade do seu público (na sua maioria hostil), notando também o seu lado bom, antes de partilhar com eles um tipo bastante diferente de Boas Novas. O esforço de São Paulo em ver realmente “os outros”, os atenienses, em vez de, desde o princípio, simplesmente ignorar a sua visão do mundo, abre o seu coração a estas pessoas.
Hoje, esta sabedoria de São Paulo recorda-me, antes de mais nada, de notar o que aqueles que discordam de mim (em assuntos grandes ou pequenos) tem de bom, antes de entrar em diálogo com eles. Pois se o meu coração está fechado àqueles com quem estou falando, então o coração deles — naturalmente — também estará fechado ao meu.
Versão brasileira: João Antunes
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