CERTEZA CEGA

Chamaram, então, novamente o que fora cego, e disseram-lhe: ‘Dá glória a Deus! Quanto a nós, o que sabemos é que esse homem é um pecador!’. Ele, porém, respondeu: ‘Se é um pecador, não sei. Só sei uma coisa: que eu era cego e agora vejo’. Eles insistiram: ‘O que é que Ele te fez? Como é que te pôs a ver?’. Respondeu-lhes: ‘Eu já vo-lo disse, e não me destes ouvidos. Porque desejais ouvi-lo outra vez? Será que também quereis fazer-vos seus discípulos?’. Então, injuriaram-no dizendo-lhe: ‘Discípulo dele és tu! Nós somos discípulos de Moisés! Sabemos que Deus falou a Moisés; mas, quanto a esse, não sabemos donde é!’.” (João 9,24-29)

Jesus fez algo inteiramente novo; algo inaudito. “Jamais se ouviu dizer”, observa o homem curado, “que alguém tenha dado a vista a um cego de nascença” (João 9,32). É por isso que os fariseus se recusam a reconhecer Cristo e Sua cura: Em Cristo, Deus está Se revelando a eles de novas formas, desafiando assim o que eles pensam que “sabem”. Eles pensam que O “conhecem”. E este “conhecimento” imaginado cega-os para as surpresas de Deus. Com efeito, também substitui Deus em seu mundo, levando-os a tornarem-se juízes d’Ele: “Quanto a nós, o que sabemos”, proclamam com certeza, “é que esse homem é um pecador!”.

Hoje que eu tenha cuidado com tal certeza, que pode cegar-me para as surpresas de Deus. Eu “nasci cego”, — com uma cegueira espiritual precisando da Sua luz e da Sua visão. Deixado à minha própria sorte e ao meu próprio julgamento, torno-me incapaz de mudar; torno-me incapaz de seguir Aquele que me chama a uma mudança, dizendo: “Μετανοιετε!/Metanoiete!” (“Muda a tua forma de pensar!”). Hoje que eu seja iluminado e conduzido por Ele, em meio a quaisquer situações, responsabilidades e pessoas que Ele me envia.

Versão brasileira: João Antunes

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