“É bom para mim (Ἀγαθόν μοι, Благо мне), que me tenhas humilhado (ὅτι ἐταπείνωσάς με, яко смирил мя еси), para que eu aprendesse os teus decretos.” (Salmo 118,71 cf. Septuaginta)
É realmente “bom” para mim, quando Deus me “torna humilde”. Mas o que isso significa? O que significa ser “humilde”, e que tipo de “bem” isso traz? A “humildade”, antes de tudo, é um dos muitos dons do Espírito Santo. Como tal, não vem de “mim” mesmo, não posso nem acumulá-lo e nem fingí-lo. Mas Deus, muitas vezes de forma inesperada, os derrama sobre nós, tanto por meio de nossos inesperados altos quanto nossos inesperados baixos. A humildade interrompe-nos em nossa forma de ser, fazendo-nos fazer uma pausa e desacelerar, recordando-nos de Alguém Maior e ainda mais Poderoso, do que nós. Pode igualmente nos tornar “humildes” o receber boas notícias inesperadas, por exemplo, que um ente querido sobreviveu a uma operação com risco de morte, ou o receber más notícias inesperadas, por exemplo, que o nosso amor nos deixou e levou consigo também o carro.
Que “bem” isso me traz? Isso me desacelera, “para que eu aprenda” as formas de ser de Deus, como dito no Salmo citado acima. Eu me torno mais dócil, mais atentos, ao invés de ter as coisas como garantidas. A humildade, para usar uma analogia imperfeita, é como conduzir um veículo em um nevoeiro cheio de graça; eu tenho que conduzir mais devagar, mais cuidadosamente, porque está enevoado. Graças Te dou, Deus, pelos altos e baixos. “É bom para mim, que me tenhas humilhado [tornado humilde], para que eu aprendesse os Teus decretos!”
Versão brasileira: João Antunes
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