O SINAL DA CRUZ versus A LETRA “Z”

Prostramo-nos ante a Tua Cruz, ó Soberano, glorificando a Tua santa Ressurreição.” (Triságion da Festa da Exaltação da Cruz)

Por que a cruz? Conforme nós, que seguimos o Calendário Juliano Tradicional, celebramos a festa da Exaltação da Cruz nesta terça-feira, estou refletindo: Por que escolheria Deus uma cruz, de todos os sinais, como o símbolo da Sua (e nossa) vitória; como o instrumento pelo qual Ele esmagou, e nós, n’Ele, continuamos a esmagar, a morte e as trevas? Por que não algum outro sinal, digamos, como a letra “Z”, que o exército russo usa agora como símbolo predominante na guerra que vem travando contra a Ucrânia?

A cruz representa liberdade, estendendo-se nas quatro direções, mesmo quando se revela, em seu centro, tanto o encontro como o confronto de todas estas direções. Quando fazemos o sinal da cruz, tanto nos abençoamos como nos expandimos para além das contradições dentro do nosso “eu” humano despedaçado, porque a cruz ramifica-se, estendendo-se para além de nós. Como Chesterton observou: “A cruz abre os seus braços aos quatro ventos; e serve de marco indicador para os peregrinos livres”.

A letra “Z”, por outro lado, representa um zig-zag; um movimento indireto desde seu início até seu fim, sem qualquer encontro ou confronto no centro. É mais simples que a cruz, no sentido de que não tem sobreposições ou choques, — apenas um movimento indireto, desde seu início até seu fim. O “Z” representa assim uma forma indireta, uma forma manipuladora, de ir do princípio ao fim, sem qualquer “encontro” honesto com o outro em seu meio. Neste sentido, é um símbolo apropriado para o regime de Putin, que mentiu e manipulou o seu curso ao longo destes sete meses de guerra na Ucrânia. Note-se que a letra “Z” tem origem no alfabeto fenício (de onde entrou no alfabeto grego como a letra “Zeta”), e no alfabeto fenício e afins representa uma espada, uma arma e/ou um símbolo fálico. Assim, o “Z” é um símbolo fálico armado, que também se encaixa bem com todas as violações e outras atrocidades que foram cometidas contra o povo ucraniano pelo regime de Putin.

A despeito de tudo isso, nesta grande festa da Exaltação da Cruz sou recordado de que o “jugo” e o “fardo” do Caminho de carregar a cruz libertam. Libertam de que, exatamente? Do medo e da ansiedade de uma vida fechada em si mesma, e da autoridade meramente humana sem Cristo, e sem o Seu Caminho. Porque, como Chesterton observa nesse mesmo contexto, “o Cristianismo é centrífugo: ele se propaga”. Graças a Ti, Senhor, por nos libertares, — do inferno, e da escravidão do eu. Glória, Senhor, à Tua gloriosa Cruz e Ressurreição!

Versão brasileira: João Antunes

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