“… [Marta] voltou a casa e foi chamar sua irmã, Maria, dizendo-lhe em voz baixa: ‘Está cá o Mestre e chama por ti’. Assim que ela ouviu isto, levantou-se rapidamente e foi ter com Ele. Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas permanecia no lugar onde Marta lhe viera ao encontro. Então, os judeus que estavam com Maria, em casa, para lhe darem os pêsames, ao verem-na levantar-se e sair à pressa, seguiram-na, pensando que se dirigia ao túmulo para aí chorar. Quando Maria chegou ao sítio onde estava Jesus, mal o viu caiu-lhe aos pés e disse-lhe: ‘Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido’. Ao vê-la a chorar e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-se. Depois, perguntou: ‘Onde o pusestes?’. Responderam-lhe: ‘Senhor, vem e verás’. Então Jesus começou a chorar. Diziam os judeus: ‘Vede como era seu amigo!’. Mas alguns deles murmuravam: ‘Então, este que deu a vista ao cego não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?’.” (João 11,28-37)
E é exatamente isso que me pergunto, quando, tão inesperadamente, eu vejo o Senhor “a chorar”. Ele poderia ter evitado que isto acontecesse em primeiro lugar! Mas ao invés disso, Ele tomou seu tempo, indo a Betânia… E mesmo agora, Ele permanece fora da aldeia, por alguma razão, e a história está se arrastando, descrita pelo Evangelista João em detalhes um tanto excruciantes. É claro que sabemos da luz no final desta história, mas imagine as horas, então dias, dos seres humanos envolvidos aqui; de sua espera, com esperança, então ficando sem tempo, e esperança, — enquanto Deus Se detém.
Portanto, Deus tem Seu cronograma, que nem sempre corresponde ao meu. Às vezes isso pode trazer frustração, medo, ou mesmo um luto intenso, como no caso da morte de um ente querido. As coisas mudam, e muitas vezes não no momento exato, ou da maneira exata que eu gostaria. Assim, Deus permite este sofrimento, grande ou pequeno, mas sempre intrínseco ao nosso ser no tempo, ou seja, na mutabilidade.
Mas note que Ele entra em nosso sofrimento, com grande compaixão. Como eu sei disso? Porque “Jesus chorou” conosco. E Deus sujeitou Seu Filho à mutabilidade e às mudanças de nosso ser no tempo, até mesmo em nossa morte, para que Seu Filho pudesse fazer por nós o que nenhum de nós poderia fazer por nós mesmos: Transfigurar nosso sofrimento em luz, e transfigurar nossa morte em vida. Esta é a suprema mudança que Ele torna possível para mim, em Sua cruz e ressurreição. Que eu não tenha medo de mudanças hoje, não do tipo que meu Senhor me traz, mesmo que Ele tome seu tempo.
Versão brasileira: João Antunes
© 2016, Ir. Vassa Larin
Reflexões com café na manhã: 365 devoções diárias para pessoas ocupadas
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