“Um fariseu convidou Jesus para comer consigo. Ele entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa. Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume.” (Lucas 7,36ss)
A leitura do Evangelho de hoje nos recorda que não nos tornamos incapazes de amar a Deus ou de tocá-l’O, mesmo quando somos pecadores e não sabemos o que falar para Ele. Podemos nos aproximar d’Ele e oferecer aquilo que temos. A “pecadora” dessa história oferece algo que, imagino, uma mulher bonita e de posses poderia ter usado para si mesma em sua rotina de cuidados pessoais, um óleo perfumado. Ela também oferece suas lágrimas e seu cabelo. Ela faz uma coisa linda para Ele, com a beleza que tem a oferecer.
Agora, quando o fariseu que estava hospedando Jesus viu isso, ele não gostou. Ele julgou tanto a “pecadora” quanto o Senhor, pensando consigo mesmo: “Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!”. O que o fariseu não faz é oferecer ao Senhor o tipo de hospitalidade que seria apropriado para um hóspede de honra, como Cristo lhe aponta: “Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos… Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama”.
Portanto, que aqueles que somos pecadores tenhamos coragem e não nos afastar de Deus, mesmo que não sejamos convidados para a mesa dos “justos”. Ousemos “muito amar”, mesmo quando nossos pecados “sejam muitos”. E seja o que for que nos foi dado ser ou fazer, quer sejamos artistas, banqueiros, donas de casa, caixas, cabeleireiros, dançarinos, cantores, estilistas, escritores, modelos, enfermeiras, professores, secretárias, blogueiros, especialistas em TI, empresários ou gerentes ou o que for, não desprezemos o pouco de beleza que trazemos a este mundo, juntamente com as lágrimas e tribulações pelas quais passamos ao fazermos nosso trabalho, como se isso não importasse para Deus. Nesta segunda-feira, ofereçamos a nós mesmos, nosso amor, nossas lágrimas e nossa beleza a Cristo, nosso Deus.
Versão brasileira: João Antunes
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