FEMINILIDADE EM DEUS

Tal como um herói, o Senhor avança; como um guerreiro, ele desperta seu ardor; lança seu grito de guerra, como um herói que afronta seus inimigos. ‘Muito tempo guardei o silêncio, permaneci mudo e me contive. Mas agora grito, como mulher nas dores do parto; minha respiração se precipita. Vou devastar montanhas e colinas,… Aos cegos farei seguir um caminho desconhecido…’” (Isaías 42,13-16a)

Na leitura de hoje, de Isaías, vemos Deus usando não apenas imagens “masculinas”, mas também imagens “femininas”, para Se referir a Si mesmo, conforme Ele Se revela a nós. Ele Se compara não apenas a “um guerreiro”, mas também a quem “grita, como mulher nas dores do parto”, cuja “respiração se precipita”. Porque, ao contrário do equívoco popular, enquanto Deus é sem dúvida um “Ele” nas Escrituras, Ele Se tornar “compreensível” tanto para seres humanos masculinos quanto femininos, em ambas as imagens, masculina e feminina, ou “simbolismo”. E por “simbolismo” estou me referindo ao uso de um “símbolo” (a partir do verbo grego “sym-ballo”, que significa “unir”), ou o que “une” a realidade invisível Que é Deus, com a realidade visível de nossa existência humana, tanto masculina quanto feminina. A “palavra” metafórica, transmitida a nós nas Escrituras, é a forma de “unir”, para nós, Sua realidade com a nossa.

Claro, no Ser eterno de Deus, Ele não é nem masculino e nem feminino, em nosso sentido. Mas Ele fica “identificável” para homens e mulheres, ao Se comparar não só a homens, mas também a mulheres, na Escritura. E Ele faz isso não só no Antigo Testamento (como citado acima), mas também no Novo, conforme Cristo proclama, por exemplo, em Mateus 23,37: “Jerusalém, Jerusalém… Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas… e tu não quiseste!”. Cristo também abraça um papel “feminino” quando Ele lava os pés dos discípulos em Sua Ceia Mística (João 13, 5-12), se considerarmos o fato de que, nos Evangelhos, os “lavadores de pés” eram apenas mulheres (Lucas 7, 37-38; João 12,3).

Então hoje que eu diga: Graças Te dou, Deus, por Te tornares “aceitável” para todos nós, tanto homens quanto mulheres, em Tua divina revelação que é a Sagrada Escritura. … Tu sabes, Senhor, acho que eu, uma “mulher”, também teria “me identificado” com todos os Teus símbolos “masculinos”. Pois, você “me tinha”, já naqueles símbolos “masculinos”! Mas agradeço por estender Teus símbolos especificamente também a mim, porque isso ajuda. Glória a Ti.

Versão brasileira: João Antunes

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