“Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão. Disse-lhes Jesus: ‘Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes’. Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus: ‘Vinde, comei’. Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: ‘Quem és tu?’ –, pois bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe. Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado.” (João 21,9-14)
A passagem citada acima é a leitura do Evangelho nas Matinas neste domingo, que também é o Dia dos Pais na Áustria. Sempre que essa passagem é lida nas Matinas de domingo (isto é, uma vez a cada onze semanas, porque é um dos Evangelhos do ciclo de onze “Evangelhos da Ressurreição”, lidos durante todo o ano nas Matinas de domingo), sou recordado de um incidente da minha infância. Eu tinha uns oito ou nove anos de idade, na vigília de sábado à noite, e meu pai (o pároco) estava celebrando. Logo depois que este Evangelho foi lido, eu fui, com o restante da multidão, venerar o Evangelho e depois receber a bênção do meu pai. Ao aproximar-me, ele sussurrou para mim: “Quantos peixes os apóstolos apanharam?” – interrogando-me, por assim dizer, sobre a leitura do Evangelho. Eu respondi: “cento e sessenta e três”. Então meu pai sorriu e olhou para mim, como se pensasse: Não, Senhorita Sabichona, e disse: “Cento e CINQUENTA e três.”
Não sei se há algum significado teológico para o número exato de peixes. (Talvez alguém aí saiba e me esclareça.) De qualquer forma, não acho que meu pai estivesse atraindo minha atenção de 8 a 9 anos de idade para aquele fato, especificamente. O que ele me ensinou, com esse pequeno “jogo” que ele fez comigo, de “trivialidades do Evangelho”, era para estar atenta às leituras do Evangelho na igreja. E fico feliz e grata, quando penso no incidente. Meu pai me desafiou de uma maneira que ele sabia que eu gostava de ser desafiada, porque eu era uma espécie de sabe-tudo na escola e com meus amiguinhos. E ele “usou” minha falha para me encorajar a prestar atenção àquilo que importava; a Palavra de Deus, que continua a ser uma fonte de “informação” que salva e sustenta a vida para o meu quotidiano. Obrigado, papai, por sua sabedoria e feliz Dia dos Pais (austríaco)!
Versão brasileira: João Antunes
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